sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

bafo

não esqueço do nojo do beijo
do calor no calor do abraço
do toque rude ferindo meus lados
e minha ignorância rasgando meu ego

o amor sentido era pra ser evitado
jamais, nunca, demasiadamente fugido
só que foi persistido
e a lógica foi pra casa do caralho

presumo e assumo tudo que sinto
resumo em um beijo
ou digo com gritos
te amo, vai além do meu pinto

a batalha distancia o fim da guerra
o bocejo não antecipa o sono
e minha ansiedade não é adorno
pra fazer de mim sua terra

plante-se onde quiser
ame o quanto puder
viva até onde der
vou guardar teu hálito forte

se na tua vida couber
manter hábitos higiênicos nobres
poupe todos os pobres
escove só se quiser

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

a gente tá tão acostumado a não fazer nada

a sentar, levantar, andar,
deitar, dormir, pensar
lembrar, chorar, sentir
rir ou olhar.

a agir, s\em pensamentos,
adi
mentindo pra si mesmo que se fez pensar.
estagnado no conceito de que nos movimentamos.

parados no mesmo lugar, vamos sempre pro lugar que estamos.
seja lá o que sejamos. Somos, aparentemente amamos.
pior de tudo decidimos, dissemos sim ao nosso engano.

nossa razão nos deixa em prantos e não ouvimos o coração.
tá batendo como sempre, sessenta batidas por minuto.
tá tudo como tá sempre, tá tudo como me iludo.

lúcido sobre o lúdico que é viver,
é ruim perceber:
"fazemos de tudo pra ser
aquilo que nunca s/fomos"


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sonhos de papel

Largamente é a feição mais bela que cruzaste meu mundo 
por sinal, o mesmo exala bagunça e vive atolando-se em questões sem respostas 
ou vice-versa 
de algum jeito arrumou, como mágica fez clarear 
não é modo de dizer 
o mundo é mais limpo contigo 
sua pele o enverniza feito essas madeiras de boa qualidade 
o teu sorriso alveja as nuvens 
e ficam brancas, puras
são realmente feitas de algodão 
que tu amasiaste com teu dengo
o gramado verde floriu com teu pranto pífio 
de novelas, seriados e os longa metragens 
mas regue-o, deixe molhar 
o jardim agradece e segue viçoso, como tua alma doce 
de índole admirável permitindo o céu ensolarado
céu que descaradamente furta a cor dos teus olhos
e usa para abastecer a vaidade
colorindo a si próprio e a tudo que era desbotado nesse pedaço de chão
não dando brechas para chuvas que possam inundar meus sonhos de papel 
que são esses poemas onde te escrevo e sequer faz leitura
não compreende uma mísera letra do que digo 
talvez seja maçante ler repetidamente algo de si
mas desfrutemos da benção que Deus nos deu
um respiro seu
outro verso meu.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

atento ao caos de si, imundo

ignorar o caos do mundo
ignorar o caos de si
ver nos olhos, quem são mudos?
os surdos se esforçam pra ouvir.

não te cabe mais perseverança,
nem esperança no que é amar.
cabe o ódio, desesperança,
desavença aplaude o palavrear.

a cabeça dói, quando a gente tenta pensar
uma voz dizendo: para, deixa isso pra lá!
não quero fazer como meus pais fizeram
já sofro as consequências dos seus: eu vou pensar.

pena, lamento, sinto pena, dó de mim,
de você, de nós, nos esforçamos tanto pra continuar assim.
relaxando pro sentir e pra antiga empatia,
dando corda pro rancor e a insossa antipatia.

vejo nos olhos dos cegos a vontade de me ouvir.
sinto a prisão formada pelo ego,
mas ei, não posso tirar você de ti
e te botar num novo elo.

eu sinto a sua angústia plena,
e meu poema não vai te ouvir
peço que reflita a sua tenra,
louca, pura, louca, suja,

brilho antigo das estrelas,
perna forte, pra onde vai?
sua indomável força de querer
se ouvir, de se entender.

querer a si e sem querer
perceber quase dormindo
que a solução pra esses sisos,
é a faculdade do se ver.


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Reprise

Era noite
talvez de sexta-feira
longe daquelas de céu estrelado
garoava finamente em nossas peles
suas lentes embaçavam a maneira que os pingos caíam
com o tom sereno de voz iniciou um tímido reclamar

O som dessa noite era descansado e leve
um mel para os ouvidos 
cenário perfeito para os beijos
sendo eles compromissados ou não
dos abraços que laçam e entrelaçam os corpos
formando uma espécie de concha 

Semelhante a voz, os braços são finos, o corpo por todo
não é uma regra
no entanto, é esplêndido 
a indecisão sobre o cabelo permanecer preso ou solto
assemelha-se a coragem de ir ou não aos seus lábios

E parou
a música acabou e junto a ela o cenário
não fazia mais sentido
nas águas que se esvaíam, afogou-se o desejo
outra vez
tempo, por favor
outra chance.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Senti ventos

Os ventos, o funk antigo,
Os ventos, os vizinhos.
A poeira cósmica que somos,
Levantada gravemente com os ventos.

Atenção dobrada no entorno,
Reparando minuciosamente os sentimentos.
Os ventos, sentidos atenciosamente.
A mente aprisiona com raiva esse momento.

Relatos do meu coração dizem:
Coração não fala, metaforicamente falando.
Impulsionado por sei lá o que o peito fala:
Cala a boca ignorância, a razão tá falando.

Os ventos não cessam, são como os pensamentos.
Sentidos, sentimentos. Sinapses em menos de um segundo.
Segundo turno elegendo os piores vagabundos.
Acabando com a esperança num só momento.

Os instantes rápidos que nos fazem esquecer de pensar.
São sentimentos.
Esqueço sempre o valor do brilho de um olhar,
Valorizando sempre mais as roupas que os momentos.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Rabiscos

Peço apenas um favor: deixe o poeta dormir
arrancou sem consentimento a paz que a mim pertencia
as penas de pavão se tornaram tijolos
sem descanso por dias, sinta-se culpada
busco formas de a transformar em poesia
as pernas virarem versos
o riso fazer rima com alguma palavra
que nem devo saber o significado 
em mim, a missão de a desenhar em estrofes
a pressão que traz é estranhamente gostosa
na verdade é muito mais 
diria questão de princípios
se um bem desse não trouxer inspiração
desisto do que supostamente faço 
voltando a ela
soberana
domina sem eu mesmo perceber
sai a fazer rabiscos que mal posso controlar
será eterna em meus contos
em tudo que possa inventar
com a maior licença poética
clamo por outro favor:
arranque minha roupa 
não meu sono.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Obrigação desistência

Cabendo sempre o suficiente,
Mais do sempre fim ou meio final,
Do mesmo filme a cena fria ou sem sal,
Vista do olhar mais crítico e eficiente.

Você, teu dom, teus peitos.
Casualmente encantado o mundo fica contigo!
Adoro quando ficamos.
Juntos e distraídos.

Embasada em se detalhar todo o tempo e bem precisa,
Precisando sempre de mim pra que lhe diga:
Tá linda!
Ou qualquer coisa elogiando,
Dizendo sempre o bom e velho:
Vamos amiga!

Fico tonto e fraco,
Não sei mais o que faço com toda essa fadiga.
Dê-me um abraço.
Nele eu desfaço sempre.
Desfaleço, uns risos contentes e uma boa dica:
Nunca deixe de me abraçar.

A minha carência é mais amiga tua do que minha.
Entenda se quiser, vou te dar o mesmo velho bom dia.
Se não quiser entender,
Tudo bem.

Falta só um fio de incoerência,
Para que a gente cuide do amor e da nossa indecência,
Longe de ser eminência, desviando toda e qualquer exigência,
Que limite, desgaste, deslize ou disfarce o que é te amar.

domingo, 9 de outubro de 2016

Segundos

Foi como se estivéssemos a sós
largado em um vácuo enorme
entre eu, ela e nós

Os lábios dançavam num ritmo perfeito
saíam sons açucarados daquela divindade
ignorantes simplificam e batizam de boca
uma voz que soa massageando o ego
como se me encurralassem num beco estreito
sem saída

Meus olhos a secavam
a mente sofria com distúrbios literários
sintomas de um nobre psicopata 
em minha reta, a maior vítima

Estado de transe
não tinha duvidas 

Quando a fala silenciou
houve um choque e, no fundo, ouviu-se serenamente
um leve estalo de dedos
o mundo girou novamente

As vozes ao redor saíram do baú
a música qual imaginava cessou
o olhar, até então irredutível, piscou
ali vi que o mundo no qual acordei
não era tão meu.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Versos dedlicados

Plena é a cor de uma pluma suja
De tinta,
Entenda, amor, não sou a tua dor
Para ser escrita.

Abra teus olhos, mire acima
Veja meus olhos, mirados em ti
Nós somos bem tontos,
Focados em rir.

Fugindo do encontro, da pauta, dos pontos
Conversas, olhares, momentos a vir
Te afastam, me enojam, nos tiram daqui
Quem sabe sejamos distantes e pronto.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Azul

Enterro-me em cada cova que teu riso faz
venero a suavidade da tua pele
lisa como os escorridos fios de cabelo que tocam a cintura
e bailam com a naturalidade dos passos
parte do mesmo prende-se por trás da orelha
é estonteante 

Teus olhos indicam o caminho
perco-me
sempre me perco
premeditado
não pelo caminho, mas em teus olhos
olhos azuis feito céu de verão
e as beldades azuladas que o universo reúne
na vida, há beleza onde o azul toca
tu não foges à regra 
desnorteiam quem tento ser por instantes
feito uma grande ilusão de ótica
e não tenho a mínima intenção de retomar a lucidez
em teu estar viro improviso
esqueço as falas que ensaiei no apartamento
dado que sempre falta aos ensaios

Tem o controle dos batimentos
norteia os números registrados
em tua estada, elevados
em caso de ausência, similar

Como nos avantajados dias de verão
de céu azul, mar azul, de olhar azul
surge um vermelho trazido pelo o corpo tórrido
logo se expande ao meu rosto
tão quente como os sóis dessa estação
sendo assim
derreto-me feito sorvete nas mãos infantis.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

eu tô na Ásia

sem preguiça pro desentendimento
que é na dúvida, no desprendimento,
a vontade de se entender e se unir,
toma forma e começa a rir.

gargalhando sem noção da altura
e do alcance dessa maravilhosa voz.
instigante, hilariante, pra quem vê graça
em qualquer momento, impressionante.

cansando até os apaixonantes
e insensatos pensadores de leis.
anotadores, decoradores de reis
que se lembraram de escrever as rédeas.

tomando nota do que é definição.
não querendo sequer um nome,
pra tamanha decepção.

confundindo a dialética, apreensão.
simétrica alérgica a codinome,
sempre evitando satisfação.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Ímpar

Solta o sorriso e o meu se abre também
um abraço que desfaz os desvios da mente
a presença e o bem-estar, equilibra como ninguém

Da boca saem palavras refinadas
entre outras maravilhas que almejo descobrir
da mesma deslocam-se letras de pontas afiadas
trate o coração de não ouvir

Lúcida com os desvarios que a circula
une dons fáceis de convencer 
direta aos pontos fracos, sinais de tortura
certeza do corpo padecer

A voz não sai

a língua trava

Guarde esse segredo com você
és singular, tenha dimensão.

domingo, 4 de setembro de 2016

A DESESTIMULANTE HISTÓRIA ENTRE ALGUÉM E ELE

não
precisa
não precisa
precisa que não
se diga

sim
aflita
sim aflita
aflita que se explica
sua desorganizada solidão

e quando te aponto
os pontos já destoantes
e tontos
da sua mentira afirmação

tu ri, ignora, quase por dentro chora
enquanto fora o solstício entre dor
e conforto, desgosto, parte na aurora
pro repouso, no caminho cata-se uma flor

finalmente desabafa, se abre, me abraça
conta um pouco de quase tudo, me afasta
olha bem firme pro meu rosto, me ajeita
tira do meu cabelo alguma coisa e me fala

amo você como amava você ontem
anteontem e há um tempo atrás
mas meu amor é só decoro, enfeite
não carregue pra dentro demais

esse amor é só um pouco de mim
por dentro eu sou muito mais
tenho o amor e amor pra exibir
e não quero seu amor jamais

tortura essas inúmeras
algemas inseguras
soltas
legítimas até

defendidas mesmo impuras
mas quem diz
ser o que é

me afundo em tua ternura
pena ser o terno
ainda loucura

mais favor por amor
por pouco que seja os dias
se der um pouco
me atura


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

eu não bebi

não bebi o suficiente pra dizer que te amo
nem sóbrio o bastante pra dizer que te esqueci
ao ponto que escrevo penso no teu pranto
e as noites que não dormi pensando em ti

cada riso que se mostrou em choro
dos nossos dias de namorados
aquilo nunca me foi decoro
foram os mais doídos aprendizados

minha vontade em ser agressor
mesmo que sem querer,
mas sem nenhum pudor

batia contra o conivente sentimento amor
que convivia em algum lugar
e eu não entendia sequer a cor

não te entendi o suficiente pra dizer,
que não me compreendi, o que era pertinente
já que nosso amor não se deu bem por mim,
mas tua dor fincou-se permanente

catei os cacos da nossa vodca de prazeres
e colei tudo, te prometo, nos meus dizeres
recito você, toda nossa prosa algumas vezes
pra qualquer estranho que me pergunte

quem foi teu amor por mais de meses
na ponta da língua quase digo
teu nome praticamente todas vezes

mas o que digo hoje é o seguinte
não dá pra negar o teu requinte
mas me amei por muitas vezes

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Toques e piques

Arranque sem dó a tampa do dedo
esconda-se dos piques atrás dos carros
cirande com as moças da rua
brigue com os pivetes igual a você

Insulte a mãe de quem o irritar
faça do seu pai a proteção
toque a campainha da vizinha
e sem pensar, meta o pé para a casa

Quebre o vidro das janelas
role de tantos doces comidos 
suje a roupa de lama, menino
não tema apanhar chegando ao lar

Viva na intensidade 
enquanto o cansaço não abraça
enquanto a tristeza não aquece
quando transformar-te em homem
verás que o tempo que foi não vem. 

domingo, 21 de agosto de 2016

Covê

como a tampa de uma coca-cola
ou de uma panela de pressão
se fazem os dias de conversas
pensamentos de salão

de festas a festas, se acumulam confusões
ilusões, complacências, diferentes sensações
reações, incompletas, aguçadas opiniões
perdões, vacilos, lactantes os jargões

like a man with a fork
in one wonderful planet of soup
was made to be fully of content
but he is just a fool

meio desolado com o próprio entendimento
que no ápice da razão é o seu maior questionamento
se é si mesmo ou se é bordão, repetido, revisado
velho, reusado, refogado, trabalhada multiplicação

afogado nos seus cabelos, peco com meu próprio zelo
minha mente cala meus dedos e os guiam sem destino
pelo teu corpo, pelo teu rosto, pelo teu semblante carinho
teu apelo, meu desespero não ser o lado do teu destino

me dá seu dedo, deixa que eu guio
pelo meu rosto, sente o suspiro
o que eu não falo, se é que eu sinto
quando te vejo, eu me animo

minha grande imaginação
me aprisiona e te desvio
toda minha espoliação
em te amar sem dar carinho


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Carta para Maria

Maria, entenda que é livre para buscar todas as coisas da terra
compreenda que pode se apaixonar por todos os corpos do mundo
entretanto, saiba que todos eles podem te decepcionar
beije quantos rapazes quiser
e se os lábios não lhe agradarem
experimente as bocas femininas como a tua
Maria, repito, és livre
faça o que convém
evite ir com as outras
cuide da alma e transforme-a em jardim
supere os momentos difíceis 
não esqueça de manter a indecisão que te faz Maria
compre os sapatos, abuse das maquiagens, rebole o quadril
se te fizer bem, faça mais
seja bipolar
resmungue, debata, discorde
seja o que permitem falar
no fim, sorria e agrade a si
saiba que os dizeres dos populares são errôneos
não apenas hoje
todos os dias são seus, Maria.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Eu minto

admito
assumo num grito
que assim como o vício das cordas
você ainda sinto

assíduo em te rejeitar
ávido em te querer
voa pra longe daqui

cansado de te protelar
pálido de não mais te ver
me dê um grão do seu rir

você foge ouvindo
o som das cordas tocando
sua canção já pronta
vumito


terça-feira, 2 de agosto de 2016

Sim

Fantasia é no altar te ver subir
com o véu cobrindo teu rosto fino
o mais belo pano branco a vestir
incrédula nos enfeites do destino

O sermão do padre antecede o beijo
um blá blá blá distante do fim
logo nós que no amor somos leigos
abriremos a boca somente para o sim

Os olhos gigantes enchem d'água
as mãos macias tremem sem cessar
nesse caminho despistamos as mágoas
e as pedras daremos um jeito de chutar

Estenda a mão e confia
uma aliança vai ao teu dedo
olhe em meus olhos, sorria
abraça-me, é o fim do medo.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

porra maxelu

amar para gerar amor
erra e cria o propósito que
amor não é nada óbvio e
entendemos muito bem

pois quando amamos estamos atonitos
não nos vemos em grandes cálculos
então esquecemos o meio sólido
por onde andamos de pés descalços

quando coisamos sem dar amor
nos envolvemos sem dar abraços
sem estender a mão amiga
só nos restando alguns amassos

na coisa que temos amor envolto
nos esquecemos de dar os braços
de tão ligados aquém o físico
perfeitos nós desengonçados

domingo, 24 de julho de 2016

Invisível

Bares e boates tocam sons semelhantes 
meu corpo na rua está a rodopiar
essa é a parte que não recordo do antes
e quanto aos meus cacos, o que resta é juntar

Um grande mistério a chegada aqui
não faço ideia de quem são essas pessoas
riem e apontam como se eu não estivesse aqui
reis e rainhas sem ao menos uma coroa

Meu relógio quebrado está certo duas vezes ao dia
longe de mim ser o senhor do tempo
veio com toda força o porre da boemia
aos que têm ponteiros exatos, mais um lamento

O mundo em minha visão se passa turvo
 alterado, indago se o pensamento vem apenas de mim
as luzes coloridas me guiam pelo aconchegante escuro
tal noite, uma sexta; bebida? Sim.

sábado, 16 de julho de 2016

o ego mata amores

segredos nos meus risos
te conto com meus abraços
os olhos que a ti reclino
te nego aos meus contatos

insisto em te rejeitar
mesmo que te queira por dentro
por fora desvio o olhar
teu jeito a mim é tormento

o ego mata amores
amores matam ego
meu ego é a fênix deles
o amor eu não tenho por perto

afio minha faca de novo
empunhá-lo meu coração
tento te esquecer aos poucos
sem sequer ouvir o teu: não

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Do pó eu vim ao pó e vou

Querida noite, o que você faz aqui tão cedo? Ah, é verdade, horário de verão. Como aquele rapaz que chamou a mulher no trabalho mais cedo. Ele veio aqui e disse que ela precisava correr. Ela correu. Ela se foi, nem se despediu. Olha, a nossa relação não está tão bem. Noite, por favor, permaneça, tenho isso e um bocado pra lhe contar.
Como estava dizendo, nossa relação não está tão bem. Dizemos tantas coisas rudes e inflexíveis. Pensamos em cima de cada palavra, mesmo assim as dizemos com destreza e confiança. Acho que não admito minhas falhas e incertezas. Até porque, não sei se é falhar, o triste fato de ela eu não amar. Se o fracasso de um romance é a insalubridade do sentimento de algum. Sim, falhei. Se não, sim, falhei. Permito me dizer isso agora, escrevendo refleti. Se eu não podia amá-la por que pra ela tanto prometi? Que lástima. Além de preguiçoso consegui ser canalha.
Ok, entendi minha mancada. Só agora posso então contornar toda essa presepada. Vou falar pra ela, vou dizer tudo que aprendi aqui nessa tela. O que as teclas me dizem a cada tec tec tec. Penso mais quieto, ocupando minha mente com essas palavras que saem vazias mas me retornam findas e complexas. As entendo como ninguém. Ninguém se entende como ninguém. Eu me entendo por me querer bem.
Perdoa Noite. Te atazanar assim. Ouço barulho de moto, deve ser ela no táxi. Já volto.

[horas se passaram e ele me deixou aqui]
[canalha, famigerado usuário que escolhi]
[droga, estou vendo que vou atrás]
[essa maldita não me dá paz]

Voltei, não a vi chegar. Não me aguento mais de sono, vou dormir pra tentar acordar.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

feito com teu olhar

uma noite inquietante até teu sorriso
um som esguio sem linho, distraído
a maçã de cima da cesta que só cai
até o fundo, sem ninguém pra devorar

sempre disponível, pro próximo que a tomar

a conquista que não deu trabalho,
pois quem conquistou foi você
me roubou de mim

e sem eu mesmo pra tomar rédea
segui teu cheiro bom sem pensar
que tu não era de mim

sempre irresistível, até pra quem não estava a olhar

agradeço pelo que fui amigo,
se pudesse escolher, jamais teria vivido
a vontade é tanta caju que meu norte é te ver no meu sul
pra poder te contemplar, te ocupar no meu toldo azul

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Desculpas

Preta, esqueça o que eu fiz
ou melhor, o que deixei de fazer
lamento pelas putas que julguei imperatriz 
e pelo homem que prometi ser

Pelos goles que passaram do ponto
os ponteiros que andaram atrasados
por cada noite que se transformou em conto
por cada dia que não passei ao teu lado

Aquele ramo de flores que não trouxe
aquela felicidade que não pude dar
o caminho mais curto que fosse
não estava lá para lhe acompanhar

O beijo que jurei 
o abraço que não dei
os filhos que não criei
perdão, Preta, pequei. 

terça-feira, 21 de junho de 2016

meu coração morreu

still beating
walking and feeling
but not living
just breathing
spending blood and turning me silly

ainda batendo
beirando loucura
falando idiomas
que fogem da própria literatura

la kompreno
la freneza mizero
alportas reflekto tempo
volante perdis pasio


e segue em função biológica
perdendo a graça, a retórica
esvaziando e se enchendo com o tempo
transando a saúde e a lógica ao vento

thinking about the jumento
que esqueceu de se find inside dentro 
the old and good reason do empreendimento
que é a ficção do sentir

cabe somente ao instante,
não obstante viatura do peito,
alarmando pavio inconstante.
explosão no ego, eu me deito.

traduzindo pro melhor entendimento

ainda batendo
caminhando e sentindo
não vivendo
respirando
gastando sangue e me abobecendo

ainda batendo
beirando loucura
falando idiomas
que fogem da própria literatura

o compreendimento
da insana aflição
traz reflexo do tempo
perdido querendo paixão

e segue em função biológica
perdendo a graça, a retórica
esvaziando e se enchendo com o tempo
transando a saúde e a lógica ao vento

pensando sobre o jumento
que esqueceu de se encontrar dentro 
a velha e boa razão do empreendimento
que é a ficção do sentir

cabe somente ao instante,
não obstante viatura do peito,
alarmando pavio inconstante.
explosão no ego, eu me deito.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Todos e alguns

O peito soluçou 
leia sede de amor
a cabeça bem que retrucou
porém o corpo sentiu calor

A carne é fraca, logo cede a pressão
as lágrimas, protagonistas um dia, escondem-se em algum canto do ser
não há mais saída, é carnaval no coração
seja o mais nobre folião, deixe o bloco aparecer

Alma se encontra entregue
a razão longe de fazer presença
sentimento não sóbrio, logo é alegre
torna-se uma grande crença 

Quando perguntado, desmente
ações incompreensíveis serão comuns
transformou-se em dominação ao crente
sentimento de todos e alguns. 

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Moço

Me inspirei
Com teu desdém

Subverti
O que eu sentia

E fiz poesia
Com teu sorriso

Preciso de um suspiro
Que confirme
E desfaça
Minha aflição

Talvez só com teus dengos
Teu perfume sereno

Tua bunda pequena
Teu bigode bem denso

O encaixe dos dedos
A via cega dos beijos

Isso e teu trejeito ao cantar
Que me ativa
E instiga
Meu coração

2013~2016

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Bobos da corte

Na areia virou criança
e com os rapazes resolveu brincar
encheu a alma de esperança
depois escolheu esvaziar

Nas mulheres despertou o ciúme 
e o ódio para quem não soube aceitar
as maravilhas do mundo num corpo se resume
concordemos: é difícil de acreditar

Tudo parece estar em sintonia
do vento até as ondas do mar
a sereia com os pés na terra, quanta ironia
e são os mortais que ficam sem ar

Sob o sol, é a dona do lugar
os súditos seguem desorientados
exalte a lenda saindo do mar
e observe os olhares vidrados. 

domingo, 24 de abril de 2016

pequeno pedaço de confusão

que
por
teu dia se faz em noite
boêmio que só se cansa
e não se anima

por
onde
fica sua grande vontadezinha
de querer se recompor

guarda junto à poesia
aquela nunca antes dita
ou então a mais bonita
fina prosa de viver

tá acumulando falta de brilho
e se afogando na própria lucidez
abismo
a esmo

descontrolado se faz em riso
se apegando sempre ao sem razão
tal
vez
você ela perdeu

terça-feira, 19 de abril de 2016

Vai e vem das coisas

A onda que quebra na areia
não resiste e volta ao mar
a doida que rotula-se freira
não aguenta, volta a pecar

O cachorro que contempla a rua
é o mesmo que arranha o portão para entrar
até o astronauta que pisou na lua
viu qual era o seu lugar

O lutador que vai ao chão
se ergue e o último golpe tentará
e as flores que no outono cairão
retornam na primavera, tudo renascerá

O boomerang que insiste em voar
porém, indeciso, regressa
o ioiô que vive a despencar
sempre retorna numa pressa

Os amigos que se perdem dos seus
pedirão desculpas, quem sabe perdão
o casal que briga e diz adeus
logo, logo se amarão
ou não.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

falando dela de fino pronto

nós é tudo desbocado, se diz poeta pra andar de lado
cas coisa que nós diz ser de fino trato
a gente somo é tudo um bando de desafinado

no canto, na vida, no coletivo fino que ensina
pra nós do amor e a mesma vida que te xinga
dizendo pra tu como sempre deixar de ser animado

como tu e nós todos sabem,
o dia sempre vai ser bom como alguém
que te desafina
e te distrai no trem

como se ainda houvesse pra todo o mal um porém
um sorriso afinado junto com um nariz também
e um olho puxado fino como a finesse que só ela tem

mas bobo coração me deixa parar de falar um pouco dela amém?
ela é como os erro desse texto que o corretor deixou passar de bem
pra eu não ter que dividir com a tinta a doçura que essa mina tem

deixo em meio eletrônico, enquanto ela me solta um riso polifônico
que faz as batidas do meu coração querer acompanhar
e meu jeito é ficar estático meio atônito
pra ver se ela para pra me beijar

quinta-feira, 7 de abril de 2016

sobre ser quem quero e não quem sou

depois de errar o início
e ser ao fracasso propício
me indico o pavio curto
tornando são o meu surto

cavalgando de bike no muro
em um dos lados seguro
pra ver se consigo saltar

todos riem dou urros
e não me sinto seguro
desisto então de voar

os pais nos dizem dos prumos
vizinhos que fazem de tudo
não deixam a vida passar

antes de chegar no meio
e ter por fim o meu beijo
eles me veem apuros
com todas parcelas e juros

promessas que fiz em outubro
quando me pus vir ao mundo
com tanto mundo a mudar

talvez eu mude de ideia
quem sabe até sem plateia
eu seja alguém a pensar

faço na boca a diarreia
das bobagens em apneia
quando não tenho o 'respirar'

eu sendo sempre mudança
talvez não exista mudar
segue fiel a esperança
pra esta vida pastar

terça-feira, 29 de março de 2016

Egoísta

Embaralhou o que há de bom
e despejou sobre seu corpo
escolheu o mais belo som
e o fez sair junto ao sopro

É um fenômeno natural de atração
mãos atadas e espere lentamente
respire e acalme seu coração
será fatal e rapidamente

Razão dos olhares indiscretos
suplicada nos maiores anseios
e desejada em todos os tetos

Aquarela com pernas de mulher
esculpida no mais puro detalhe
viaje, navegue por um lugar qualquer
busque algo mais encantador 
e, miseravelmente, falhe.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Uma boa solução

o jeito de apertar os passos
e as letras pra se expressando
tentar falar
o que não diz em gestos

algumas vezes me toma os olhos
pra colecionar com outros tantos
que por tantos outros encantos
a olharam sem poder rir

porque o riso não é afago
pra beleza que ela possui
o charmoso luar nos olhos
e toda força que ela atribui

estranha, como a diferente passada dos nossos passos
como a calça larga e os pés descalços,
o emaranhado do penteado e o meu corpo desarrumado
ela se encaixa sem sequer caber

ela se eleva sem poder ver
de leve leva o meu sono sem ter
o mínimo pudor em me devolver

vê se adianta os dias pro sofá
aquele dos beijos lá e cá
e se for pra ficar
fique d!vagar

terça-feira, 8 de março de 2016

De toda, a tal, aquela

De toda confusão que há
de toda indecisão que têm
de toda palavra que não para de soltar
de todo sapato de cem

A cada sorriso que dá
a cada grito que estoura 
a cada criança a ninar
a cada mudança de roupa

O tal lábio pintado
as tais curvas desenhadas
o tal abraço apertado
a tal cantada mal dada

Aquela que dramatiza
aquela logo depois sorrir 
aquela mulher
aquela que devem aplaudir.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Tá aí Anne

novinha em folha
seu corpo garoa,
abriga no topo
a cor do lar de quem voa

seu dedo se ecoa
faz com ele seu guiso
sua coisa mais boa

e seus lábios se encantam
com o sorriso
os dentes indecisos
em sim ou não em se amostrar

eu fico aqui à toa
tentando ser aquela triste pessoa
que tu insiste em se laçar

{
just let me watch how beaty turns the day with your lips and smile
just try to scape my eyes from your beautiful lies
that you never thought you do
and i with my enormous pride
will never say that to you
}

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Fez bem

Num sorrateiro fim de tarde
teu perfume finalmente entrou
fez presença, sem alarde
sem mágica, mas encantou

Teu sorriso fez a casa gargalhar
engrandeceu mais a moradia
os móveis começaram a envernizar
denomina-se simpatia

A pintura que era velha, renovou
os quadros e as molduras sintonizaram
até o cachorro que não latia, uivou 
e os pássaros na janela assobiaram

Chegou e fez primavera
feito flor, floresceu e fez florescer
o início da noite marcou uma nova era
agora sonhe e contemple o amanhecer.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

pré visto

ela é uma princesa
ela é
tira minha destreza
ela faz
inútil minha firmeza
nos pés
e com a minha certeza
ela brinca

se não fosse assim não seria
ela sendo assim me fadiga
me cansa, me gira o rosto
e dá mais valor pro meu dia

toda moça tem seu
sorriso do canto da boca
tem mel no entender de ser louca
e enlouquecer quem com ela meteu

e meu dito pra essa que tento dizer o que sinto
atento ao dito que ela sempre me diz
afirmo embriagado de riso o seguinte:
lamento não ser quem te faz feliz.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Cinzas

Repentinamente o dia acinzentou
as fantasias eram novamente interiores
os abraços sem motivos ficaram escassos
e os sorrisos ao vento desapareceram 

Algo de errado aconteceu
os diabos outra vez são malignos
pessoas não carregam mais flores em suas cabeças
e as maquiagens retornaram aos padrões

Ruas silenciosas já não fazem samba
os beijos roubados deram um tempo
os hinos não afetam mais o coração
e a alegria compartilhada deixou de se criar

Peguem as malas e retornem a realidade
pois é quarta-feira
e acinzentou.

sábado, 23 de janeiro de 2016

atleta em te ver passar

eu digo qualquer merda
toda vez que eu te vejo
é minha cina em ser atleta
na pista do teu cortejo

com cordialidade tento me consertar
e fodo com tudo mais um pouco
somente pra variar

tua decência me espanta, junto com teu olhar
teu riso, teu brilho forte
só pra me aproximar

nenhum pouco opostos, rejeito te atrasar
antes de qualquer pressuposto,
me deixa tentar falar

sempre digo qualquer coisa,
pro tempo parar, passar
foi tua risada o meu castigo
no tento te cortejar


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Desabafo braçal

É noite de sexta-feira 
após mais um dia de trabalho
a garganta seca sem mesmo um pio soltar
a carteira vazia mesmo exausto de batalhar
típico dia para praticar a boemia
e espantar os pesadelos que a semana trouxe
bom boêmio que sou, peço uma, duas, três
logo mendigo para pendurar
porém não posso perder a conduta
existe um lar para não ser esquecido
pois bem, fecho a conta e dou partida
e todo samba da Gamboa me acompanha
chego em casa e sou muito bem recebido
as crianças me abraçam como se eu fosse um presente
talvez fosse
a boa Amélia pergunta por onde andei
respondo a ela com um sorriso frouxo
faz força para entender, fala minha língua
vamos para cama e se justifica a razão de voltar para casa
os lençóis se tecem como letra e melodia
e até esqueço os gritos do patrão
só que não
mais uma vez ressalto que é sexta-feira
quem dera amanhã ser meu dia de folga
meu repouso é o colo domiciliar
ah, essa vida de operário...
com turno de domingo a domingo
mas fazendo questão de tornar todo dia e toda noite
uma saudosa noite de sexta-feira.

sábado, 9 de janeiro de 2016

carta do rei

parei de ser rei
deixei meu cargo pelo bem
de um príncipe que amava alguém

morri, parti, pra um lugar melhor talvez
por um amor maior, amém
diz ao filho que deixei,
ame, mas me ame também

meu reino era bom e belo
com esmero o governei
deixei pra ti, amado
todas as bondades sem fardo

cuida bem dela, tua irmã
sua mãe, e tua sã, esposa
olha teu filho, já está adulto, tás a ver
que em breve, essa carta há de escrever

então lá vou eu, a luz me chama
a flor se abre, aflora o riso
arruma a cama, amanhã é teu dia
o reino é seu, tenha um bom dia