sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

bafo

não esqueço do nojo do beijo
do calor no calor do abraço
do toque rude ferindo meus lados
e minha ignorância rasgando meu ego

o amor sentido era pra ser evitado
jamais, nunca, demasiadamente fugido
só que foi persistido
e a lógica foi pra casa do caralho

presumo e assumo tudo que sinto
resumo em um beijo
ou digo com gritos
te amo, vai além do meu pinto

a batalha distancia o fim da guerra
o bocejo não antecipa o sono
e minha ansiedade não é adorno
pra fazer de mim sua terra

plante-se onde quiser
ame o quanto puder
viva até onde der
vou guardar teu hálito forte

se na tua vida couber
manter hábitos higiênicos nobres
poupe todos os pobres
escove só se quiser

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

a gente tá tão acostumado a não fazer nada

a sentar, levantar, andar,
deitar, dormir, pensar
lembrar, chorar, sentir
rir ou olhar.

a agir, s\em pensamentos,
adi
mentindo pra si mesmo que se fez pensar.
estagnado no conceito de que nos movimentamos.

parados no mesmo lugar, vamos sempre pro lugar que estamos.
seja lá o que sejamos. Somos, aparentemente amamos.
pior de tudo decidimos, dissemos sim ao nosso engano.

nossa razão nos deixa em prantos e não ouvimos o coração.
tá batendo como sempre, sessenta batidas por minuto.
tá tudo como tá sempre, tá tudo como me iludo.

lúcido sobre o lúdico que é viver,
é ruim perceber:
"fazemos de tudo pra ser
aquilo que nunca s/fomos"


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sonhos de papel

Largamente é a feição mais bela que cruzaste meu mundo 
por sinal, o mesmo exala bagunça e vive atolando-se em questões sem respostas 
ou vice-versa 
de algum jeito arrumou, como mágica fez clarear 
não é modo de dizer 
o mundo é mais limpo contigo 
sua pele o enverniza feito essas madeiras de boa qualidade 
o teu sorriso alveja as nuvens 
e ficam brancas, puras
são realmente feitas de algodão 
que tu amasiaste com teu dengo
o gramado verde floriu com teu pranto pífio 
de novelas, seriados e os longa metragens 
mas regue-o, deixe molhar 
o jardim agradece e segue viçoso, como tua alma doce 
de índole admirável permitindo o céu ensolarado
céu que descaradamente furta a cor dos teus olhos
e usa para abastecer a vaidade
colorindo a si próprio e a tudo que era desbotado nesse pedaço de chão
não dando brechas para chuvas que possam inundar meus sonhos de papel 
que são esses poemas onde te escrevo e sequer faz leitura
não compreende uma mísera letra do que digo 
talvez seja maçante ler repetidamente algo de si
mas desfrutemos da benção que Deus nos deu
um respiro seu
outro verso meu.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

atento ao caos de si, imundo

ignorar o caos do mundo
ignorar o caos de si
ver nos olhos, quem são mudos?
os surdos se esforçam pra ouvir.

não te cabe mais perseverança,
nem esperança no que é amar.
cabe o ódio, desesperança,
desavença aplaude o palavrear.

a cabeça dói, quando a gente tenta pensar
uma voz dizendo: para, deixa isso pra lá!
não quero fazer como meus pais fizeram
já sofro as consequências dos seus: eu vou pensar.

pena, lamento, sinto pena, dó de mim,
de você, de nós, nos esforçamos tanto pra continuar assim.
relaxando pro sentir e pra antiga empatia,
dando corda pro rancor e a insossa antipatia.

vejo nos olhos dos cegos a vontade de me ouvir.
sinto a prisão formada pelo ego,
mas ei, não posso tirar você de ti
e te botar num novo elo.

eu sinto a sua angústia plena,
e meu poema não vai te ouvir
peço que reflita a sua tenra,
louca, pura, louca, suja,

brilho antigo das estrelas,
perna forte, pra onde vai?
sua indomável força de querer
se ouvir, de se entender.

querer a si e sem querer
perceber quase dormindo
que a solução pra esses sisos,
é a faculdade do se ver.