sexta-feira, 8 de novembro de 2019

saudade e twitter

quem tá por nós, cadarços
cobertos, dos pés aos braços
abarco emoções além do que faço
uma linha tênue, dureza e fracasso

uma vez contemplaram teu olhar
Festival de Cannes, de Berlim, eu sei lá
as câmeras que usou, você deixou pra lá
as cenas que cortou, fiquei parado por lá

durante gravações do plot twist
amargava sentidos em meio a tweets
um like, um reply, nada disso é limite
a saudade é o maior hit que eu tive


segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Repetições

Detalhista
unhas e batom em acorde de tons
avermelhados esbanjavam a forte presença 
a vir hipnotizar com fatídicos dons 

Magistral
a ver me fugia o sorriso canto de boca 
feito um simples mecanismo qualquer 
meliante se faz mediante aos furtos de atenção 
trajada de preto, de branco, linha tênue entre pecado e perfeição

Traz em si um ciclo infinito de elogios 
dos cachos, da pele, dos risos e afins 
e a repetição de palavras é forçada pelo convívio 
todos eles cabem em argumentos sem fim 

É colírio, tem brio 
charme, singularidade. Arrepio.
de carne e osso? 
desconfio.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Lenda urbana

Era magia, quiçá fantasia; podia jurar 
em movimentos de cabelo, iludiu a visão 
curto e ondulado, meus dedos podiam surfar
ter os sete mares na palma mão 

Naufraguei
pirata, de primeira jornada, sucumbi
mística, veterana de mares e marés, brincou
terra à vista nunca mais vi 
cercado de sol e sal, feito o mar, a boca salgou 
sede de ti

doce e pura como os rios
sorrio
sou rio, calmo e contínuo
és mar aberto, inundada de bravas ressacas

controversos 
conto em versos enquanto a maresia exala 

composta de signos e sinais
aquariana, nada fora do círculo que a circula
misteriosa, prevalece a lenda
faz o faz de conta ser real
meus olhos avistaram
ao avermelhar o céu, saindo de cena 
a sereia com o mais belo par de pernas.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Hábito

Segunda, dia do samba mais salgado da cidade 
no fundo do pensamento, ouço serenamente o pandeiro
as pernas bambeiam e revelam ansiedade
batizado em gafieiras, torno isso corriqueiro

Minha preta, em domicílio, questiona por mim 
eu, com a loira no copo, disperso de atenção 
ambiente me faz antagonista do fim
o retorno à casa é guiado pelo coração 

Felicidade prolifera a cada corpo presente
alguns sem a alma, esvaída ao suor diário
estão espairecendo o peso do batente 
e dissipando seus futuros salários 

Ao pedir a conta, cansaço se manifesta
durante a semana sobrarão resquícios
o lar, a patroa, as crianças, são motivos de festa 
entre vícios de maços e litros, falsifico sorrisos.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Desbotado

No jardim que cultivou 
as mudas gritam de saudade 
a casa, depressiva, clama o resgate 
junto ao espelho, reflito a dignidade

Os pensamentos fogem à lucidez
orgulhoso, prometi a ti o bem estar 
faltou sensatez, sobra lamentar

Vazios, os cômodos buscam entrosamento
teto e chão discutem madrugada a fora 
os móveis não obedecem cem porcento
o relógio cansou de marcar as horas
volta

Em certas despedidas, apenas os corpos se vão 
teus costumes assombram as paredes
pintadas das cores que escolheu
egoísta, sem a maldade, não percebeu
o magro colorido presente, é teu.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Curto

Era pura, branca 
pele camuflada por rabiscos
era linda, soberana
bela, mesmo em mundos invertidos

Sorriso tímido, branco 
qual afrouxava o meu riso 
jeito mais que manso 
sensação de paraíso 

Cachos curtos, formados 
enrolavam meu juízo 
traços para lá de enfeitados 
atormentavam o meu respiro 

De lábia boa e lábio bom 
colocou o doce na boca da criança 
o encanto da criatura é dom 
dos mais bonitos que vagam a lembrança.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Tempos de paz

Que todo peso voe para longe 
sejamos folhas de outono caindo ao chão 
de mãos dadas e teu pessimismo se esconde
de peito aberto almejamos redenção 

Amantes de improviso, buscamos fuga do roteiro
aviste o teto azulado, é céu de vitória 
mira teu calendário, há dois sóis em fevereiro 
feche os olhos e enxergue a glória

Que varramos o passado dessa casa 
e deixemos os tapetes fora disso 
que teu pássaro interior bata asa 
mas meu ninho seja o teu abrigo 

O pranto preso permita sair
bandeira branca irá se estender
somos vasos ruins, iremos cair
e não quebraremos, pude escrever.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Quem nunca foi embora

Ressurgiu.
como fênix reviveu
não das cinzas, desabrocha de dias coloridos
das manhãs compartilhadas em céu azul claro 
de noites escuras, iluminadas por anseios de clarear nossa caminhada 

Retomou.
trouxe o sorriso por inteiro 
o beijo que a lembrança tanto implorava
as lágrimas de felicidade 
e a paz no travesseiro 

Raiou.
feito o astro rei esquentou a pele
queimou o velho abatimento 
aqueceu o corpo com um forte aperto 
ferveu os batimentos num estalar de dedos

Renasceu.
o sentimento veio a milhão 
a boca cuspiu o coração 
ansioso e tomado pela euforia respondeu:
nada renasceu, pois nunca morreu.

quinta-feira, 21 de março de 2019

de antes de ontem

personagens, personas, persuasivas pessoas.
plausíveis pratos encostados na mesa.
teu olhar me cativa como feroz uma presa
pronto pra perder o meu ar, tu? caçoas.

suspiro enquanto beijo, teu queijo sem crueldade.
inspira, te peço beijo. teu seio é complemento.
ao que teu corpo? sensaçãonal.

prospera a própria solidão como algum galho torto.
feliz, envergado, enraizado a natus. formas do teu sorriso.
que me percu. pulcro teu jeito. perdido?

sem querer tu quis também queria. saudades fitas.
k7, cacetes, cassetetes, violência e amor.
paixão de poucas pilhas, energia de fora da flor.
universos, celestes, cores e cosmopolitas?...;

segunda-feira, 11 de março de 2019

Arte

A pele escura é a tinta da caneta 
do sorriso que dá contraste 
em fusão com o sol, perfeita
em união com o mar, arte 

Dos cachos que enrolam a minha fala 

das tranças que tecem meus sentidos 
transforma trajes de banho em peças de gala
aos olhos, um remédio, colírio 

De traços fortes e figura fulminante 
lábios espessos de desejos arrancados 
teu corpo torna as paisagens marcantes
criando meras figurantes ao seu lado

Um monumento em pernas de mulher

quadro de da Vinci em carne viva
repare, acredite se quiser ou puder
a visão não difere, moça ou obra prima?