Peço apenas um favor: deixe o poeta dormir
arrancou sem consentimento a paz que a mim pertencia
as penas de pavão se tornaram tijolos
sem descanso por dias, sinta-se culpada
busco formas de a transformar em poesia
as pernas virarem versos
o riso fazer rima com alguma palavra
que nem devo saber o significado
em mim, a missão de a desenhar em estrofes
a pressão que traz é estranhamente gostosa
na verdade é muito mais
diria questão de princípios
se um bem desse não trouxer inspiração
desisto do que supostamente faço
voltando a ela
soberana
domina sem eu mesmo perceber
domina sem eu mesmo perceber
sai a fazer rabiscos que mal posso controlar
será eterna em meus contos
em tudo que possa inventar
com a maior licença poética
clamo por outro favor:
arranque minha roupa
não meu sono.
não meu sono.