segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Retrô agrada

Se a dor fortalece,
O que dizer da morte?
Sucumbir às dores,
Não tem me deixado forte.
Provocado pelo veneno e a sorte.
Mergulhado nas flores e goles.
Constituo dias amarelos a azuis.
Da cor que a mente permitir e o corpo se negar.
Enquanto houver fraqueza, não se terá paz.
E se a dor fortalece, reclamo e peço:
Bata mais!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Deserto

Beijo na orelha, nos olhos, do pescoço ao umbigo.
Riscando a língua nos ombros, na nuca, ao pé do ouvido.
Espatifando um corpo no outro.
Sem sentido, em uma só direção.
Confusão nos sentidos.
Não sabe se beija mais ou já desce a mão.
Apertos.
Nos ossos da coluna, na cintura.
Enquanto isso a mente acusa. Fuja.
Quando a mente sufoca a alma, o que fala são ações.
Destrambelhadas coerções, correção: era só falta de aperto de mão.
Pro outro ceder, cem desesperos, bota mais um no meio.
Um caleja o peito, se aprimora? A priori quer e ao futuro é cego.
Guerra de ego. Sobram lágrimas de incerto.
Decidir entre si mesmo e si próprio.
A consciência não ataca quando o corpo é ilógico.
Atingir a si mesmo de um tiro próximo.
Arma em punho sóbrio.
Matar de vez o que a si é insólito ou abraçar de vez o saudável colóquio?

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Sinal

As longas saias cobriam as pernas curtas 
um colosso de mulher 
a vestimenta era decorada com flores 
na saia e no interior da menina 
seus olhos verdes lembrara bolas de gudes 
das mais valiosas na quais me divertiam na infância 

Enrolada ao pescoço 
uma echarpe rosada 
pura lã, um pouco castigada pelo tempo
provavelmente uma herança deixada pela vó 

A pele se aproximava da negritude
simultaneamente ardia quando exposta ao sol
um enorme cabelo preto a acompanhava
fazia jus as mulheres indígenas

Quando a cigarra cantou
a índia desceu e se perdeu na mata cinza
mirou a flecha no canto esquerdo do peito
logo sendo atordoada pelas buzinas

Passei do ponto
seguindo a rotina
outro conto, mesma sina.