quinta-feira, 28 de julho de 2016

porra maxelu

amar para gerar amor
erra e cria o propósito que
amor não é nada óbvio e
entendemos muito bem

pois quando amamos estamos atonitos
não nos vemos em grandes cálculos
então esquecemos o meio sólido
por onde andamos de pés descalços

quando coisamos sem dar amor
nos envolvemos sem dar abraços
sem estender a mão amiga
só nos restando alguns amassos

na coisa que temos amor envolto
nos esquecemos de dar os braços
de tão ligados aquém o físico
perfeitos nós desengonçados

domingo, 24 de julho de 2016

Invisível

Bares e boates tocam sons semelhantes 
meu corpo na rua está a rodopiar
essa é a parte que não recordo do antes
e quanto aos meus cacos, o que resta é juntar

Um grande mistério a chegada aqui
não faço ideia de quem são essas pessoas
riem e apontam como se eu não estivesse aqui
reis e rainhas sem ao menos uma coroa

Meu relógio quebrado está certo duas vezes ao dia
longe de mim ser o senhor do tempo
veio com toda força o porre da boemia
aos que têm ponteiros exatos, mais um lamento

O mundo em minha visão se passa turvo
 alterado, indago se o pensamento vem apenas de mim
as luzes coloridas me guiam pelo aconchegante escuro
tal noite, uma sexta; bebida? Sim.

sábado, 16 de julho de 2016

o ego mata amores

segredos nos meus risos
te conto com meus abraços
os olhos que a ti reclino
te nego aos meus contatos

insisto em te rejeitar
mesmo que te queira por dentro
por fora desvio o olhar
teu jeito a mim é tormento

o ego mata amores
amores matam ego
meu ego é a fênix deles
o amor eu não tenho por perto

afio minha faca de novo
empunhá-lo meu coração
tento te esquecer aos poucos
sem sequer ouvir o teu: não

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Do pó eu vim ao pó e vou

Querida noite, o que você faz aqui tão cedo? Ah, é verdade, horário de verão. Como aquele rapaz que chamou a mulher no trabalho mais cedo. Ele veio aqui e disse que ela precisava correr. Ela correu. Ela se foi, nem se despediu. Olha, a nossa relação não está tão bem. Noite, por favor, permaneça, tenho isso e um bocado pra lhe contar.
Como estava dizendo, nossa relação não está tão bem. Dizemos tantas coisas rudes e inflexíveis. Pensamos em cima de cada palavra, mesmo assim as dizemos com destreza e confiança. Acho que não admito minhas falhas e incertezas. Até porque, não sei se é falhar, o triste fato de ela eu não amar. Se o fracasso de um romance é a insalubridade do sentimento de algum. Sim, falhei. Se não, sim, falhei. Permito me dizer isso agora, escrevendo refleti. Se eu não podia amá-la por que pra ela tanto prometi? Que lástima. Além de preguiçoso consegui ser canalha.
Ok, entendi minha mancada. Só agora posso então contornar toda essa presepada. Vou falar pra ela, vou dizer tudo que aprendi aqui nessa tela. O que as teclas me dizem a cada tec tec tec. Penso mais quieto, ocupando minha mente com essas palavras que saem vazias mas me retornam findas e complexas. As entendo como ninguém. Ninguém se entende como ninguém. Eu me entendo por me querer bem.
Perdoa Noite. Te atazanar assim. Ouço barulho de moto, deve ser ela no táxi. Já volto.

[horas se passaram e ele me deixou aqui]
[canalha, famigerado usuário que escolhi]
[droga, estou vendo que vou atrás]
[essa maldita não me dá paz]

Voltei, não a vi chegar. Não me aguento mais de sono, vou dormir pra tentar acordar.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

feito com teu olhar

uma noite inquietante até teu sorriso
um som esguio sem linho, distraído
a maçã de cima da cesta que só cai
até o fundo, sem ninguém pra devorar

sempre disponível, pro próximo que a tomar

a conquista que não deu trabalho,
pois quem conquistou foi você
me roubou de mim

e sem eu mesmo pra tomar rédea
segui teu cheiro bom sem pensar
que tu não era de mim

sempre irresistível, até pra quem não estava a olhar

agradeço pelo que fui amigo,
se pudesse escolher, jamais teria vivido
a vontade é tanta caju que meu norte é te ver no meu sul
pra poder te contemplar, te ocupar no meu toldo azul