Zéfiro

Vento vai
vento vem
nega-se refrescar refém da beleza
doa frescor ao refém da natureza

Refresca, é pureza
oferece alegria a pobreza
satisfaz a criança
faz nascer a esperança

Felicidade, tristeza
o vento que sobe a pipa
é o mesmo que assola o telhado
é afanoso 

Vem agradar, vem despejar 
não se sabe bem seu lugar
é raro de encontrar
uma brisa bipolar.

Um jazido sem algoz

Cianureto tomei sem medo

vi o fim por entre meus dedos

de longe tu, me sorria linda

adeus, adeus, minhas idas e vindas

agora jazido, olha onde estou

lindo o lugar, mas sinto uma falta

tão bela esta flor que arranco daqui

bem saudoso é o sol que enaltece a alma

vejo alguém vir será que me vê

tão bem consenti, que é alma daqui

Olá, bem como estás?

vim te buscar e dizer

teu tempo acabou, teu limbo cerrou

tu vais é pro céu, viver feito mel

Noite

É meia-noite
nada no vilarejo
um breu sem desejo
enfim, noite

Paz nas ruas
única luz é da lua
sem movimento
exceto dos sem tetos

Céu puro, vejo Saturno
estrelas iluminam a escuridão
moças semelhantes a moços 
fazem alvoroço, nem é a hora do almoço 

Está clareando
vejo luz do redentor
moças semelhantes a moços, declarando dor
desconfio que seja outra noite de amor.

Soneto de Seméla

A dor me fere e é amiga

Na tua falta meu bem

Meu coração não é feliz

Ao teu repudio e amém

Eu cavalguei ao teu encontro

No meu camelo em castos prantos

A tua voz era meu guia

Ao mesmo tom que repudia

Falhei no não que eu proferi

Tanto perdão já te pedi

E sem ceder você me ria

Pra quem dizia o sentimento

Foi eu quem fiz tudo por dentro

E mesmo assim sem alegria

Cortando o fundo pt I

Cantei cabisbaixo a tua canção
Cacei pelos ares meu pássaro azul
Cocei a cabeça ao te ver ir embora;
Concluí que não quis nem ouvir o refrão
Continuarei a buscar o meu tom de blues
Controlar os teus passos até a plena aurora;
Catar teus pedaços de sentimento
Cavar um bocado de túneis pra que
Caiba neles o amor que eu tenho por ti;
Confisco todo o nosso passado
Cerveja no bar pra afastar maus augúrios
Cachaça na mesa pra eu esquecer meu afago.
Comendo petiscos pro dia ser rastro

É dia das mães

Por ti, salto de um abismo
viro louco e tento o alpinismo
compro um cavalo e faço hipismo
só para ver seu sorriso

Carinho, amor
nada de alto preço
um grande valor, o amor de berço
meu coração é o seu endereço

Um abraço apertado até quebrar minhas costelas
não tem problema, pois eu a amo
sua comida não tem igual
como até passar mal

Seu carinho é incondicional
minha mulher tenta, mas não é igual
poderia descrever infinitas coisas elogiando você
mas iria me cansar de escrever
você que me fez viver, ver o mundo florescer
mãe, não sei como agradecer.

Soneto da bela

será que é possível

não dá pra tecer

uma tênue linha

entre mim e você

será que é capaz

de ter um amor

sem qualquer algoz

com bastante paz

vou ter que esperar

quem sabe ao luar

eu possa te ter de novo

espero com medo

que esqueças de mim

pois daqui não saio sem ti

Meu lar

No meu lar
rolinha desfila no ar
gavião não pode caçar
papagaio não sabe falar

No meu lar
pipa toma conta do céu
avião não pode voar
nuvens são feitas de papel

No meu lar
vento não arrepia
grito silencia 
plantas não se criam

No meu lar
rato caça gato
gato pega cachorro
careca tem piolho

No meu lar
casas são feitas de barbantes
felicidade é algo constante
o amor é importante

No meu lar
tomamos banho de flores
caçamos nossos amores
a vida tem mais cores

No meu lar
tudo é diferente
nada é de repente
tudo acontece na minha mente.