quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O traje

Trajava um vestido listrado
alternava entre o branco e o preto
sinalizava as curvas atenuantes de seu corpo
curvas fechadas, perigosas onde saudavelmente capotei
um caminho devastador a constrói 
cada espaço que a compõe, cabe uma singela enaltação 
muniu os lábios de vermelho e descompassou os batimentos
uma gostosa arritmia corroía meu interior 
era como um alerta a todos que a secavam
uma enorme placa de cuidado
sobressai no meio das suas 
existe uma gabação quando a pauta é sua beleza
e o que resta é concordar

talvez seja a maior graça que pisaste nesse chão
se um dia minha poesia ameaçar falecer
bastará seu riso largo para reviver

no ápice da loucura, se desfez do vestido e suas listras
com uma corriqueira vergonha, alegou indecência 
obsceno é não aplaudir o que é digno de parabéns
meu bem, diz o porquê de esconder o que ninguém tem.

domingo, 29 de outubro de 2017

Navalha

A mente clama por redenção.
Rendido ao suicídio.
Reclamando do assédio bem sucedido.
Sucesso, almejo mas não consigo.
Prezo que vá. Não conte comigo.
Contando os dias que tenho pela frente.
Não sei se consigo.
Afasto o perigo.
Abraço de amigo.
Inimigos são mais valiosos quando andam contigo.
Declaro guerra ao mundo.
Ao mundo desejo abrigo.
Casa. Pão. Um amor mais convicto.
De convicção o peito se alivia.
Traga aflição e conflito.
A esperança transpira.
Não sei se consigo.
Eu não sei se consigo.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Mi

Persista no erro e falhe da melhor maneira possível.
O que dizer do acerto se não há falhas para medir?
Miseravelmente sinto.
A exuberância a qual minto me faz refletir.
Depois de um vinho tinto, a tela a seguir:
Pinto e bordo meios de fazê-la rir.
A vida pede acompanhamento médico.
Os médicos tem as próprias vidas pra tocar.
DJs se arriscam.
Resta aos inexperientes a borda recheada do caminhar.
Adiante.
Algumas vezes voltar.
Não obstante lembrando sempre, de vez em quando, sonhar.
Quando não se achar culpado.
Aponte o dedo a qualquer um.
Verá que dos cinco da mão, mirados em você são um?
Ao menos que seja Inácio, do mesmo jeito será cotado.
Do mesmo jeito são dois pra um.
O espelho revela o réu.
A mente que anda no céu, tem em seu chão o culpado.
Éu.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Para alguma Maria

a boca sorria toda vez que via 
a moça passar com covardia
o peito chorava com as batidas que a bela não ouvia
não exercia sua soberania
pelo contrário, esbanjava simpatia

era a voz do amante que não saía
ao se declarar, apenas gemia
e a menina se divertia 
causava extrema euforia
ao cruzar dos olhos, distraía 

em seu corpo não havia lugar para tremenda alegria
transbordava pela guria
meu lado viril facilmente se esvaía 
quem diria que desta água beberia
o acaso e seu dom da ironia
logo eu, devoto da folia
alma noturna, corriqueiro na boêmia

a dama trazia alguma magia
sempre quando surgia
a noite nunca aparecia. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Imensidão

Nego o resumo. Absurdo assumirem que,
3rês ou mais letras admitem a imensidade de um ser.
Nomearam amor como sendo um sentimento bom.
Bom que me disseram é evitá-lo como um dom.
Vamos todos acabar com a mesma falta de atuação.
Sensação de impotência. Aquilo que alguns chamam vergonha.
Outros chamam de carência.
A tendência é ficar sozinho.
Meus vizinhos ouvem música sem volume, enquanto eu grito.
É mais fácil ouvir a própria voz do que tentar cantar em outros ritmos.
Matraca arrogante com excesso de incerteza.
Prefiro não dar nome aos bois,
Quem disse que era certo dar nome pra cachorro de Teresa?
Nem nunca falaram que é errado,
Os nomes se esquecem. As faces não.
Palavras não se apegam, são como rios.
E se secar é despir-se.
Já te chamaram sem dar nomes.
Qual a funcionalidade do seu selo?
Ser lembrado por vocábulos, ocultando todos teus atos em fatos.
Fatos podem ser modificados, quebrados, furtados, jogados no lixo,
É só alguém dizer do teu lado: já vacilou comigo esse arrombado.
Enfim tua tez nutante terá um selo.
Vacilão alado.
Valeu passar por tanto perrengue pra ser visto como certo?
Quando é certo que o mais esperto não é ser lembrado.
Lembranças não trazem saudades, lembranças saúdam a distância.
Confortam sem a presença de fato.
Quero estar ao teu lado sorrindo e não em teu peito chorando.
Pronto. Provocamos em nós desconforto.
Agora podemos seguir.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Retrô agrada

Se a dor fortalece,
O que dizer da morte?
Sucumbir às dores,
Não tem me deixado forte.
Provocado pelo veneno e a sorte.
Mergulhado nas flores e goles.
Constituo dias amarelos a azuis.
Da cor que a mente permitir e o corpo se negar.
Enquanto houver fraqueza, não se terá paz.
E se a dor fortalece, reclamo e peço:
Bata mais!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Deserto

Beijo na orelha, nos olhos, do pescoço ao umbigo.
Riscando a língua nos ombros, na nuca, ao pé do ouvido.
Espatifando um corpo no outro.
Sem sentido, em uma só direção.
Confusão nos sentidos.
Não sabe se beija mais ou já desce a mão.
Apertos.
Nos ossos da coluna, na cintura.
Enquanto isso a mente acusa. Fuja.
Quando a mente sufoca a alma, o que fala são ações.
Destrambelhadas coerções, correção: era só falta de aperto de mão.
Pro outro ceder, cem desesperos, bota mais um no meio.
Um caleja o peito, se aprimora? A priori quer e ao futuro é cego.
Guerra de ego. Sobram lágrimas de incerto.
Decidir entre si mesmo e si próprio.
A consciência não ataca quando o corpo é ilógico.
Atingir a si mesmo de um tiro próximo.
Arma em punho sóbrio.
Matar de vez o que a si é insólito ou abraçar de vez o saudável colóquio?

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Sinal

As longas saias cobriam as pernas curtas 
um colosso de mulher 
a vestimenta era decorada com flores 
na saia e no interior da menina 
seus olhos verdes lembrara bolas de gudes 
das mais valiosas na quais me divertiam na infância 

Enrolada ao pescoço 
uma echarpe rosada 
pura lã, um pouco castigada pelo tempo
provavelmente uma herança deixada pela vó 

A pele se aproximava da negritude
simultaneamente ardia quando exposta ao sol
um enorme cabelo preto a acompanhava
fazia jus as mulheres indígenas

Quando a cigarra cantou
a índia desceu e se perdeu na mata cinza
mirou a flecha no canto esquerdo do peito
logo sendo atordoada pelas buzinas

Passei do ponto
seguindo a rotina
outro conto, mesma sina.

terça-feira, 25 de julho de 2017

O tempo vai passar

Vou te amar de longe.
Transmitindo o que sinto através de bytes.
Sinta-se tocado na pele. Covarde.
Eu sei que sou. Me aguarde.
Arde. Faz eu querer me mover, mas aff.
Te tenho aqui na minha mão. Quadrado.
Redondo, enfeitado.
Sorriso bonito esse. Real.
Pagou por isso?
Entrego todo meu afeto a ti, sem nunca ter te abraçado.
Entende? Te amo. Só não faço nada por ti.
Te amo.
Te amo.
Te atolo e empurro meu solo.
Enquanto do alto te atinjo sem dolo.
Perdão eu não posso, eu choro.
Prometo e admito meus erros. Sincero.
A gente segue junto estando longe, espero que
Não me culpe mas se conforme.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Insegura Onça

Por onde piso, o mundo se apavora.
Entro no banheiro, logo o chuveiro chora.
Junto da água que me escorrega,
Descem as lágrimas quase secas
Se me agacho a água da testa me rega,
Encontra as que fogem dos olhos piegas.
Se amam, se apegam, somam quando...
Seco meu corpo e saio pelo corredor.
Enquanto corre, as flores sentem minha dor.
Murcham, horror, o porco se faz em eco.
Oinc, esquecem de mim com o fedor.
Na varanda observo as estrelas.
Olham para mim? Olho para elas?
Tão caladas e longe, preto ou azul, tanto faz para elas.
O universo intenso e disperso,
Por que tão abraçado por elas?
Cansado do céu, vou às telas.
Balelas, jogos e mazelas.
Nada de papo reto.
Sem flexibilidade em retas.
Prefiro o haver do silêncio,
Não consumo dados a vera.
Caço algo pra comer
E me recuso a comer gazelas.
Onça apavora por ser bela.
Pintada por sabe se lá quem.
Sua tinta é plena fantasia esplêndida,
Desprendida das conhecidas feras.
Beleza interna e externa,
Prometo a prosa é singela.

sábado, 1 de julho de 2017

Pra dar pra quem quiser

Passando a visão pra cego, exibo.
MOSTRO: MONSTROS? Mortos.
Moços e moças sórdidos. Católicos, prevaricando a fé.
Santificando qualquer coisa, buscando alívio nos pés.
A mil pés do chão observo, prevejo alienação.
Com a arrogância de nenhum homem, estendo as costas das mãos.
Adestrando cães fantasiados de homens. Mulheres fantasiadas de rações.
Procurando atenção nos olhos de quem nunca viu o que trago nos pulsos.
Pedindo socorro, acorrentei minha mente em insultos.
Eu xingo metade do mundo, a outra metade ignoro.
Proponho a mim mesmo a partilha de um suco de esperança pródigo.
Entenda que falo em códigos. Sórdidos são os santos da tua igreja.
Igreja do século novo, rezando com lábios na boca e imagens de nobres burguesas.
Santificadas sejam suas apostas.
Pessoas que lhe dão sempre as costas, quando o peito começa a falar.
Sentimentos quando escapam nos olhos, espantam quem não quer ouvir.
Tão nobre minha coerência quanto a de quem tu quer sempre sentir.
Entendo tua inocência, não julgo.
Preciso tomar minha decência de volta.
Enquanto tua decisão é ficar,
Bem longe das minhas respostas.

domingo, 18 de junho de 2017

Humilde soberba

Um jeito desapegado
ironicamente oferece abraços inesperados e apertados
nos quais anseio moradia 
de riso fácil e largo 
ostenta lindamente seus dentes branquíssimos 
recordo de cercas recém pintadas num domingo ensolarado
como as apresentadas em filmes de época 
há um forte contraste com sua pele morena 
e seu cabelo cujo possui um forte tom de preto
mas sequer pingou uma gota de tinta. É ímpar. 
lembrara fortemente saudosas índias

Dona de sentidos avulsos
às vezes, parece alheia ao mundo
sobra aleatoriedade 
merece um universo exclusivamente seu 
onde possa desfilar sua fantasia pessimista 
tornando-a totalmente realista 

E sobre o amor 
finge não amar 
é uma senhora maquiadora 
contorna com maestria as lágrimas que geralmente o drama provoca 
em outras como ela 
Nada é feito ela
é angelical em todos os ângulos
formosa de todas as maneiras
tem ciência disso
dispensa humildade e aquela chata falsa modéstia 
diante de todo encanto que conduz
deveria esbanjar mais soberba
não desça do salto
ri de seus singelos defeitos
talvez seus pés sejam grandes demais
perante ao resto, vem a ser um tosco tanto faz 
seu jeito sem jeito, traz gracejo 
uma brutalidade extremamente dócil inviável de domar

Num espaço corporal tão estreito 
ali foi onde Deus mais se aproximou do perfeito.

sábado, 10 de junho de 2017

Pessoas & Vícios

Um trago, um gole, um alívio.
O beijo de um jeito que me reviro.
Viagem até o céu da boca.
Do norte ao sul em um momento.
O instante que mais me fez se sentir vivo.
Detalhes imaculados, reparados depois do nascimento,
distraídos, muito bem decorados. Sinto muito.
Ao passo que me vejo dependente me sinto indigno.
Uso e abuso.
Teu perfume cheiro. Assumo, parece ser o melhor do mundo.
Mal benigno, quanto mais uso, mais persigo.
Outras eu só brinco. Passo batido.
Só um gosto rápido e furtivo. Recreativo.
Sem reprimir a libido e o vício.
Algumas me deixo levar ao vício, outras uso só entre amigos.
Algumas apresento aos meus segredos, enfrento meus medos, cativo.
Outras esqueço no bolso, no canto da sala, nem ligo.

Estou vivo a+

//Tiraram a humanidade de mim.
Programaram um novo robô.
Em linguagem $, fodida de capiciosa.
Protelando o próprio fim com desejos e agrados.
Amor? Compaixão? Cabe tudo no mesmo ralo.
Desce, tu vê partindo. Fica calado.
Quando amam perto de ti, és o primeiro a estar enojado.
Vira os olhos nas crianças.
Desconectadas de tudo.
Seu código-fonte é confuso. Incompleto.
Esquece tuas ideias de mundo e passe a elas a utopia dos séculos.
Um mundo onde estar incorreto, é inerente e não erro.
Não é falha ser diferente, é sincero.
Nunca vi simetria em meus dentes, nem nos teus.
Há anos tento corrigir um erro que quem disse estar errado morreu.
Sorrisos? Saúde? Para onde e para o que? Se o mundo já pereceu.//

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Errado

É, mirei de perto. Longe era certo.
Os detalhes eram tão inerentes, não teve como deixar quieto.
Calado reparei no ego. Ferido por faca cega.
Apegado à fivelas e berros,
Sem entender que a calça caiu, olhando pra baixo rindo, me rendo.
Espero que dessa vez o meu favorito seja sincero.
Preocupado demais em entender o que compreendo me esgoelo.
Choro no caminho, provando que senti, sei que erro.
Porra, me ferro.
Na real me fodo.
Enquanto não assumo que sinto a maior fraqueza dos elos.
As eras passaram e agimos como selvagens em selvas de ferro.
Prospero a prospecção que fiz do amor enquanto usava meus ternos.
Calça de moletom e camisas emprestadas.
Masculinidade forte em ser fraco com espadas.
Luto contra mim mesmo para tentar ser cortejada.
Ideias vazias de si mesmo em prol de gente empoderada.
Com poderio nuclear em te fazer venerar adultério.
Tarja preta nos olhos quando mirados a si.
Quem sabe liberte um pouco de Gestério.
Não quero que meus netos reproduzam isso aqui:
Ódio.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Doce inferno

Era uma chuva de desinteresse 
numa nuvem carregada de querer 
atiçávamos ao erro e foliávamos a mentira 
mascarávamos a verdade em prol do prazer 
duas facetas maquiadas
semelhante à mulheres frequentes em festas noturnas 
tornando-se irreconhecíveis 
éramos assim, cheios de pó no rosto
sem vergonha nenhuma no mesmo 
a cada palavra trocada, era uma rasteira na fidelidade 
leigos sábios no adultério 

Errei e vivi 
como nunca tinha feito antes
certamente não na mesma proporção de errar e viver
talvez não fizesse novamente
questão para tempo, corpo e solidão
reunirem-se, decidirem e responder

Foi a primeira vez que avistei o pecado
ele atendia por nome de mulher
possuía e persuadia com pernas grossas
promovia anseios e burlava minha fantasia
que me perdoem os religiosos 
eu nunca quis o céu.

domingo, 16 de abril de 2017

Nada

Ciúmes daquilo que não temos
do que não podemos tocar
devaneios absurdos surgem para entontecer
do que vale o atrevimento do beijo se basta teu olhar?
sem palavras a dizer, apenas gestos para decifrar
e se o silêncio responder
saiba que quero gritar 
esbravejar o singelo amor
manchar todos os muros com teu nome
ter o prazer de ouvir da tua boca 
aquela honrosa frase: Que homem 
morder teus lábios não mais em pensamento
e finalmente me atrever 
mostrar as obras que fiz
as que procurei esconder
perder o medo do não
abandonar o receio do sim
deixar de parecer algo tão doentio
e por fim
nesse teu riacho de águas bizarras 
ou apenas azuis 
irei me banhar e desaguar 
serei jangadeiro 
mas se um dia vir a me afogar 
antes de ir 
boiarei em teus braços e te faço responder:
se ensinares como nadar
o que poderíamos ser?

sábado, 15 de abril de 2017

Má goela

Ela se tatua na minha mente
Com poucos peitos e alguns dentes
Não percebe o quanto é tão impertinente
Clareando em poucos dias o quanto somos divergentes

O rosto dela é tatuagem em quem a sente
Tente e falhe ordinariamente
Incompetente, cego e persistente
Em vez de amor, trago lixo e prosa incoerente

Se jogando goela abaixo,
Empurrado lentamente por baixo,
Encaixo poucos dedos, me acho
Causando prazer iluminando o facho

Capacho, quem dera, ela me libera o fardo
Carregaria sem esquemas a leveza dessa tempestade
Bicho selvagem que não sossega com o mais pesado dardo
Fazendo da calmaria plena uma tremenda festividade

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Be An Actress

shop the guns
and lamp the sun
it needs your lungs
to breath the burns

son of puta
que a ternura da tua cintura
não caiba nessas mãos sujas
de agressividade oculta

ouvindo Rosa Lins com a Catuaba empatia
livre da torpe solitude acompanhada
prefiro lembrar teus beiços e jeitos avantajados
e de novo a paz interna encontrada

confiscando o próprio deleite de posse
entregando-o ao prazer do não
se te amar é um desencontro
remarco sem inquietação

no topo dos teus olhos atrás uma confusão
tão alta, não alcanço e salto, um tanto,
balanço, caio, não levanto, esqueço a procuração
de que posso, nem tanto, secar um pouco do pranto

do choro, a insolação do pavor do amor fugido das mãos,
encontrado nos lindos olhos de alguma das tuas irmãs,
como ímã, café e croissant, cachos e rolimãs
e a fumaça dos caminhões conduzidos por figurantes sãos.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

sentimento cego

o que os olhos veem
a mente manipula pro coração sentir
enquanto leio a bula, afogo minha ternura em mais um
copo meio vazio da mais barata gêmea de 51

será que eu sinto no peito ou na imaginação?
é fácil saber de onde vem a dor,
mas e quando a dor não vem e é só tudo inquietação?

apelo para os que dizem não,
quando bate à porta as aves e os leões
as naves e os grilhões,
lhe gritando: FUJA DE RAZÕES!

perco meus culhões perante ao brilho externo
que o interno insiste em por pra fora dela.
amarela, vermelho feito tomate em pleno inverno
esqueço que a amo quando sinto que tô sem ela

será que o coração sente ou é só eu do mesmo jeito?
tentando cavar sentimento em concreto,
ignorando as facadas no peito

quarta-feira, 29 de março de 2017

elaElaELAEla

toda beira do dia imito um gesto dela,
tentando carregá-la comigo um pouco, quisera
controlar meu bobo coração e dizer a ela
que se ela quiser ir embora, pudera,

pode, ela pode e faz o que quiser
comigo, com ela, com quem permite.
a transmissão do romance,
acontece quase igual gripe.

entendo nada o que acontece,
delírio são que me apetece,
enlouquece e faz esquecer
que se hoje o dia tá ruim,
amanhã talvez eu regresse uns passos,
incline os olhos fechados,
e sem conseguir conter os cansaços
exercito o amor que me é importado.

transferido do desconhecido,
elaborado pelo irrefutável; e;
bordado pelo riso dela.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Nas mãos

O encaixe do teu corpo cabe em todas as rimas
a anuncio na maioria dos versos 
porque te compor é uma triste sina 
uma das poucas boas que valem o excesso

Pois és feito um amuleto
um terço de fé que trago comigo
a estrela que avisto no céu preto
a distração do sonolento domingo

Enrolo-te nas mãos
faço-te parte da pele
sou teus pés se não quiseres o chão
serei o céu que fazes tuas preces

Amontoada de lendas e efeitos
negar a ti seria heresia 
esqueço teus defeitos
poesia. 

sexta-feira, 24 de março de 2017

aborrecência

dinheiro?
tu já sentiu o cheiro da nota viva?
o tempo gasto em papel,
pra se poder manter viva e altiva,
a voz de quem não sabe plantar
e com ele compra comida.

o suor dos dias, pós os dias de amor
conhecido como adolescência
quando os sentimentos tinha mais valor
do que qualquer uma outra exigência

nesses dias sonhávamos,
deixávamos com a inconsciência
e ouvíamos as vozes da sapiência

tolos demais que éramos
capinávamos próximo à demência
a floresta emotiva com intransigência

quinta-feira, 23 de março de 2017

pensa

prezado peito, pleno, respeito o teu calor sem jeito.
te atento ao desentendimento.
por dentro da boca a voz do argumento.
pensando que a fala é a vocação do pensamento.
peca. PECAMINOSA.
procrastina um pouco mais e depois se diz rebordosa.
a vida não te agrada e o que você ganha de costas?
leve de mais pra pesar.
o peso da consciência é imensurável, tão pesado que não dá pra contar.
dá pra carregar.
sentir o peso te fazer desabar.
enquanto você diz a si mesmo: deixa isso pra lá.
desmonta teus muros pra tentar se montar.
pensa.
pensar pesa.
não é pesando que se pensa.
é não pensando que se pesa.
o que?

quarta-feira, 22 de março de 2017

fogo sem fuga

sou egoísta quando eu choro.
há coisas em você que amo;
há coisas em você que adoro;
nem por isso confuso derramo.

sei que teu caminho é amplo
e por mais que sempre sambamos;
não é sempre que tô em teus planos.
sem desencantos, voltamos e vamos,
apenas mostramos os panos.

por baixo do amor que cantamos,
tragamos o ar do que somos,
sem relatar o que temos,
vivemos em são desencontro.

pretas, morenas, brancos,
prossiga mordendo os ombros.
pretos, morenos e brancas,
proteste o cárcere cômodo.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Eu tive um caso com o amor

Respeito minha ausência na tua vida,
se for pra ela ser a vida que você quiser levar.
Não ligo nem pra despedida, bye, adeus,
um beijo no rosto esperando um olá.

Se quiser ir vá,
o que for pra ser, você fará.
Não cabe na minha conta, as pontas no teu sofá.

Repito: minha ausência na tua vida,
é passiva-agressiva pro teu elevar;
tu liga de se despedir, volta, Deus,
estarei sempre pronto pra te abraçar.

Acanhado, com o pé na pá,
esperando o tento de ser, mas não será.
Concorda consigo mesmo e faz o coração mofar.

sexta-feira, 17 de março de 2017

¿o que você sonhava

o sonho dela era o que eu sempre sonhei
eu sentia por ela o que ela sentia por Deus
não cabia em mim o que eu inventei
mas cabia na oração o que ela falava do ex

eu prezava pelas gotas do instante
ela a enxurrada da previsão
preocupado sempre com o cativante
enquanto ela sorria sempre pra ilusão

não me conforto com o haver do não
nem desejo o sim pra tristeza de não me ter em mãos
quero dar as mãos
dizer não aos nãos
e que se vão os vãos

de bike ou a pé,
pelados beirando a maré, baixa,
baixo volume na voz e a cara calma.
te acalma o tom da minha voz assim?
muda.

a gente

¡A gente se pega!
¡A gente se entrega!
¡A gente se esmera!
¡A gente se enxerga!
¡A gente se apega!
¿a gente se não fosse nós não estaríamos às cegas?
forçando com todos os motivos,
pra ter todos os sentidos,
dentro dos cabíveis ouvidos;
o que temos de mar.
sem cais, com muitos:
mas, más intuitos, insinuando coitos e;
nos confundindo aos poucos até que;
¡A gente se nega!
aceitando o corrupto amor de veludo,
no corpo de vis moribundos,
os mais belos dois vagabundos,
cansados de não se amar.

sexta-feira, 10 de março de 2017

CONTENÇÃO

aposta comigo se não te amo em vinte e quatro horas
e depois me engano com a própria foto
tirada nossa há outras 24 horas atrás
mostrando que nesse amor me desboto

sabes que só aceitaria de bom grado pigarros
se no lugar de tua boca fossem cigarros
e que só doparia por gosto meu senso
se no lugar dos teus lábios fosse um prensado

alongo meus pensamentos quando estacionam em você
manobro o desejo pra longe do sufoco de querer ter
em alguma mão minha,
algo vindo de ti

desconheço tuas linhas e revogo decisões
sempre ladro por péssimos motivos
dentro da minha mente é claro
nunca darei fuga a esses grilhões
 
admito que sinto o fim monogâmico
mas o mantenho em meu cárcere orgânico,
o coração

deixo as rédeas na mão do meu mais magnânimo
prepotente e incosequente pavio dinâmico,
chamado razão

quinta-feira, 9 de março de 2017

Nessa fila não entro

fica cada vez mais difícil te elogiar com palavras
quando a cada riso não lhe combinam nem asas
e esse poema será nada mais que só mais uma falha
na tentativa incoerente de te amar com cantadas

até quando penso
me sinto imenso
que logo dispenso
teu rosto lembrar

mas dispenso o senso
e lembro teu beiço
o rosto pequeno
mas deixa pra lá

sou pouco caminhão pro montão de areia do teu coração
além de ser rouco, bobo, carrego uma frota de pouca noção
tomo nota das batidas e do olhar mais sincero e não esmero
que se eu fosse você, talvez não fosse eu quem eu quero

quarta-feira, 8 de março de 2017

Band-aid

meu grito permanece calado
te olho desapaixonado
te rio, te dobro, te nado
prefiro ficar à deriva,
do que chegar lá bem cansado

de ti já fiz fotografias,
algumas conscientes com grafias
outras a mais pura e ergonômica
falta de qualquer boa pentatônica
cantando em desarmonia

o teu olhar me tira do sério
e me deixa sem riso
te ter em pensamento acaba
sempre sendo um bom risco

arrisco, como petiscos,
esquivo o sentimento lembrando de algum chapisco
que na parede do amor da gente
encostei as costas
e ainda assim confortavelmente

entende que tu sente amor por mim
mas não consegue entender o amor que sente

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Lá Vai Ela

é carnaval, na pedra e onde quer que eu vá de táxi
como as roupas que visto,
o cisco no olho me faz chorar
ninguém tá olhando, sigo meu caminho calmo

lembro do formato do teu rosto,
adoro quando olha de lado

o riso dado sem ar
a simplicidade me deixa cansado
é tanta pouca coisa pra lidar
a gente insiste tanto em se manter errado

por que não só deixar de lado
aquilo que nos deixa indisposto

você escolhe teu destino
eu decido não escolher
deixo que a dialética do mundo
implaque em mim o que tiver de ser

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Efeitos da saudade

Nunca fui adepto à despedidas 
talvez por não saber conviver com o adeus 

Portanto, reapareça 
diariamente a sala chora exatamente às nove
sem seu corpo esticado no sofá 
prestes a resmungar sobre a novela 

A cama reclama todas as noites 
fazendo um chiado insuportável sem seu lado preenchido 

Os vizinhos exigem fofocar sobre nós 
sentem faltam de espalhar que nossa relação estava aos fins
dos diversos chifres que colocavam em nós 
más línguas difamavam que éramos madeira e cupim 

Pense duas vezes 
três se for preciso 
quatro por puro juízo 
cinco pelo meu riso

Sem mais delongas, retorne
pois, assim como os outros, reclamo
e como ninguém 
te amo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sem vergonha

Outra noite para cair no esquecimento
recheada de beijos que lutei para evitar
com receio de pegar algo que me mate a curto ou a longo prazo 
ignorando a tentação que faz a boca de água encher

Sensação de ter pago pelo desprezo
a cama outra vez se torna um divã
essa mulher debruçada aqui cujo nome não sei
com essas curvas plastificadas
apenas pelo prazer

Se faz de minha psicóloga 
talvez psiquiatra
dizendo baboseiras que devo mas não permito-me ouvir  
quando sua boca deveria estar em outro lugar

Impregnado pelo cheiro do cigarro
inundado pelo álcool que bisonhamente derramei
sobre meu traje sujo e informal 

Eu sou tão infeliz todas essas noites
abarrotado de desgasto e desgosto 
mas retorno em todas as próximas
com o mesmo sorriso sem graça no rosto.