faz da vida um contínuo domingo de verão
dos mais enfeitados e transparentes, chegam a ter rostos
basta o fervor do céu e o frescor nas mãos
transita com pegadas de bamba
traduzido em som, seria um cadenciado samba
passada arrastada, sem forças para tirar os pés do chão
serelepe, sereno e sem esforço
talvez preguiçoso
lembrara um conto do Rio antigo
mulato andarilho pelo centro da cidade
está distante dos mais altos, mas também não cabe no bolso
de papo mole com desvios delicados
empurrando para singelas armadilhas
retinto na cor, brilhara como as estrelas da noite que tanto se guia
e ali se via os saudosos malandros
os mais novos o miravam, feito um espelho com arranhões imperceptíveis
simples como a mais básica adição
e as pernas de saias aguardam pelo erro matemático
afim de qualquer dia, um mais um resultar em três
quem sabe do encanto quebrar o vidro de vez
mas são pelas suas retinas e bocas
que a manha e malícia o dominam de vez.