segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Reprise

Era noite
talvez de sexta-feira
longe daquelas de céu estrelado
garoava finamente em nossas peles
suas lentes embaçavam a maneira que os pingos caíam
com o tom sereno de voz iniciou um tímido reclamar

O som dessa noite era descansado e leve
um mel para os ouvidos 
cenário perfeito para os beijos
sendo eles compromissados ou não
dos abraços que laçam e entrelaçam os corpos
formando uma espécie de concha 

Semelhante a voz, os braços são finos, o corpo por todo
não é uma regra
no entanto, é esplêndido 
a indecisão sobre o cabelo permanecer preso ou solto
assemelha-se a coragem de ir ou não aos seus lábios

E parou
a música acabou e junto a ela o cenário
não fazia mais sentido
nas águas que se esvaíam, afogou-se o desejo
outra vez
tempo, por favor
outra chance.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Senti ventos

Os ventos, o funk antigo,
Os ventos, os vizinhos.
A poeira cósmica que somos,
Levantada gravemente com os ventos.

Atenção dobrada no entorno,
Reparando minuciosamente os sentimentos.
Os ventos, sentidos atenciosamente.
A mente aprisiona com raiva esse momento.

Relatos do meu coração dizem:
Coração não fala, metaforicamente falando.
Impulsionado por sei lá o que o peito fala:
Cala a boca ignorância, a razão tá falando.

Os ventos não cessam, são como os pensamentos.
Sentidos, sentimentos. Sinapses em menos de um segundo.
Segundo turno elegendo os piores vagabundos.
Acabando com a esperança num só momento.

Os instantes rápidos que nos fazem esquecer de pensar.
São sentimentos.
Esqueço sempre o valor do brilho de um olhar,
Valorizando sempre mais as roupas que os momentos.