domingo, 16 de abril de 2017

Nada

Ciúmes daquilo que não temos
do que não podemos tocar
devaneios absurdos surgem para entontecer
do que vale o atrevimento do beijo se basta teu olhar?
sem palavras a dizer, apenas gestos para decifrar
e se o silêncio responder
saiba que quero gritar 
esbravejar o singelo amor
manchar todos os muros com teu nome
ter o prazer de ouvir da tua boca 
aquela honrosa frase: Que homem 
morder teus lábios não mais em pensamento
e finalmente me atrever 
mostrar as obras que fiz
as que procurei esconder
perder o medo do não
abandonar o receio do sim
deixar de parecer algo tão doentio
e por fim
nesse teu riacho de águas bizarras 
ou apenas azuis 
irei me banhar e desaguar 
serei jangadeiro 
mas se um dia vir a me afogar 
antes de ir 
boiarei em teus braços e te faço responder:
se ensinares como nadar
o que poderíamos ser?

sábado, 15 de abril de 2017

Má goela

Ela se tatua na minha mente
Com poucos peitos e alguns dentes
Não percebe o quanto é tão impertinente
Clareando em poucos dias o quanto somos divergentes

O rosto dela é tatuagem em quem a sente
Tente e falhe ordinariamente
Incompetente, cego e persistente
Em vez de amor, trago lixo e prosa incoerente

Se jogando goela abaixo,
Empurrado lentamente por baixo,
Encaixo poucos dedos, me acho
Causando prazer iluminando o facho

Capacho, quem dera, ela me libera o fardo
Carregaria sem esquemas a leveza dessa tempestade
Bicho selvagem que não sossega com o mais pesado dardo
Fazendo da calmaria plena uma tremenda festividade

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Be An Actress

shop the guns
and lamp the sun
it needs your lungs
to breath the burns

son of puta
que a ternura da tua cintura
não caiba nessas mãos sujas
de agressividade oculta

ouvindo Rosa Lins com a Catuaba empatia
livre da torpe solitude acompanhada
prefiro lembrar teus beiços e jeitos avantajados
e de novo a paz interna encontrada

confiscando o próprio deleite de posse
entregando-o ao prazer do não
se te amar é um desencontro
remarco sem inquietação

no topo dos teus olhos atrás uma confusão
tão alta, não alcanço e salto, um tanto,
balanço, caio, não levanto, esqueço a procuração
de que posso, nem tanto, secar um pouco do pranto

do choro, a insolação do pavor do amor fugido das mãos,
encontrado nos lindos olhos de alguma das tuas irmãs,
como ímã, café e croissant, cachos e rolimãs
e a fumaça dos caminhões conduzidos por figurantes sãos.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

sentimento cego

o que os olhos veem
a mente manipula pro coração sentir
enquanto leio a bula, afogo minha ternura em mais um
copo meio vazio da mais barata gêmea de 51

será que eu sinto no peito ou na imaginação?
é fácil saber de onde vem a dor,
mas e quando a dor não vem e é só tudo inquietação?

apelo para os que dizem não,
quando bate à porta as aves e os leões
as naves e os grilhões,
lhe gritando: FUJA DE RAZÕES!

perco meus culhões perante ao brilho externo
que o interno insiste em por pra fora dela.
amarela, vermelho feito tomate em pleno inverno
esqueço que a amo quando sinto que tô sem ela

será que o coração sente ou é só eu do mesmo jeito?
tentando cavar sentimento em concreto,
ignorando as facadas no peito