sábado, 28 de setembro de 2013

Brado retumbante

a visão do mundo é cega
o mundo não tem olhos
o visionário é iludido
só enxerga pelos sonhos

a realidade desvirtua
a mortalidade se atua
a ociosidade se apresenta
toda sinceridade se ausenta

ainda há um canto utópico
em meio a correria da cidade
ainda há um brado honrado
em meio a obstrução da verdade

pra todo desuso desse quindim
há o bom uso da falcatrua
e ainda há guardado no bolso de trás
um rapaz bravo pra mudar o país

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Tempo ruim

Céu nublado, lembro de ti
na chuva, a se despir
vento forte, tristeza passava longe
 possuía a calma de um monge

Como toda tempestade, passou
é, acabou o amor
ah, da saudade não sinto o sabor
enfim, o sol raiou

A dor que te atinge
me comove a certo ponto
o desânimo que transmite
me deixa tonto

Sei que o temporal voltará
destruindo alma e coração
não me protegerei, pode molhar
de guarda-chuva não faço questão

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

De ateu a comungado

que deus conceda em valsa
esse nosso desprendimento
que deus planeje a clausura
pr'eu te ter por um momento

vou pedir pros anjos
que minuciem nosso encontro
e que esses teus demônios
não nos roguem desencanto

e que minha fé possa apontar
qual caminho devo seguir
e que deus não me desconte
o quanto eu o reneguei

e que se dane todos os condes
da minha antiga aflição
eu me aprumo em horizontes,
pontes do amor em comunhão

domingo, 15 de setembro de 2013

Meu sertão

A água ilusória nas casas
transborda nos olhos populares
azar meu não ser anjos de asas
iria voar alegrando os lares

Porém o sorriso insiste em aparecer
serena, a gaita conforta o sertão
há esperança no velho amanhecer
clamo ao céus que regue o meu chão

Nosso gado enfeita a terra
meu deserto é cenário de guerra
a fé afoga-se nos mares de areia
oceano sem a presença de sereias

Gonzaga orai pelo povo
e a chuva caia no telhado
numa vida repleta de estorvos
desejo meu caminho molhado.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O conto da padaria - Os Sonhos

    

    E na padaria me disseram:

— acabou o pão, agora só tem sonho

    Respondi já desgostoso do dia que havia passado:

— então me vê uns dez, pois há tempos não durmo, há dias não curto a noite de olhos fechados

— senhor, aqui é padaria e não um “consultório psiquiátrico”, deixe de ser mal-humorado


Calei-me, seu Joca estava certo, nem agradeci os sonhos fui pra casa comê-los quieto.

    E na casa me disseram:

— amor, acabou o leite, dá pra ir trazer mais?

   Respondi me afagando com a doçura na fala daquela mulher, da minha mulher:

— claro meu bem, logo vou, só me deixe guardar as coisas do trabalho

    E fui de volta a padaria, dar de cara com o padeiro já desgostoso de me ver voltar.

— tem pão? disse-lhe. Apenas para ver corar sua branca pele, e embaraçar mais ainda seu dia.


— não rapaz, você já não tinha vindo aqui ainda agora? não me ouviu dizer?


— ah sim, desculpe-me, e leite, tem aí? Ou vou ter de ir buscar num consultório psiquiátrico?


— olha, não tiraste o dia pra me atazanar moleque? Pois se veio, caia fora já ou lhe dou uma sova!


— não, que isso seu Joaquim, vim em busca da lata de leite, mais nada, tem aí?


— claro que sim, já venho.


    E fora buscar o tal leite, que na minha opinião me ajudou a repassar o meu estresse pro coitado do seu Joca, bom, sei que é errado o que eu fiz, e que costumo fazer. Dar aos outros os meus problemas, causando alguns descasos para transmiti-los.

— tá aqui, dê me o dinheiro e caia fora

— tome, pode deixar que só lhe incomodo amanhã, até!


    Saí de mansinho, e ao rabo de olho pra ver se ainda tinha um respaldo da fúria que deixei àquele homem, é seu Joca, dessa vez eu venci. Mal sabe seu Joca que é meu pai, e toda essa enfadonha vontade de fazê-lo me dar o olhar mesmo que com fúria por dentre a íris, é pra ter o olhar de meu pai, que descobrira há pouco quem realmente era. 
    Sou grato a tudo pelo que mamãe me fizera, menos ao fato de esconder que meu vizinho mais próximo era meu pai. E como o mesmo não sabia de tal arte manha? Como pudera ter engravidado sua vizinha de frente e não se propor a cuidar de sua cria, ou como diz mamãe, nem saber da existência do fruto do seu bel-prazer. Acredito mais nela, do que na minha sensação horrenda e indescritível de ter e não ter um pai, de saber e não saber ser filho, e da angústia de não poder dizer de quem eu era filho. Pediu mamãe para que guardasse este segredo, mas antes que eu pudesse perguntar o motivo, ela se foi ao encontro de seu grande amor, Deus.

Jaz aqui então, o meu primeiro conto, não sei bem ao certo se assim posso rotulá-lo, mas que fique assim, gosto mais, mais bonito que dizer fanfic. Nada contra. Mas prefiro "conto", e este é "O conto da padaria", espero que gostem, e por favor, avaliem ao gosto e me digam o que vos fora agradável e desagradável, vou ficar muito grato por qualquer comentário, obrigado pela leitura!

sábado, 7 de setembro de 2013

Casal perfeito

Depois das noites de amor
no lençol, cheiro de licor
marca de beijo no pescoço
estou em pleno alvoroço

E mil loucuras
somos fora do padrão
apelidados de casal doçura
não temos frescuras 

Deitados na rede
a euforia toma conta
misturada com alegria
me faz cócegas, que magia

O futuro nos aguarda
me acompanhe com sua risada
que cai bem em qualquer hora vaga
minha menina, minha joia rara.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ânimo animal

A cabeça no lugar
Sem soltar as mãos de lá

Não devolva a tua espada
Se desprende do que te faz mal

Alguém te deu um valor próprio
Que tu confundiu com solidão
E o perdeu, em meio a sampa
E as tampas rudes da aflição

Deixa a cabeça se soltar
Largue tuas mãos do teu quindim

Me dá aqui essa espada,
Que agora eu luto por você

Não há mais nada a lamentar
Não há contornos nos desvios
Só há saída se lutar, ânimo,
Que eu tô contigo, não vá desafinar.