quinta-feira, 28 de maio de 2020

Quando escapuliu por vaidade, esqueci de verdade, a mente.

A gente dança com o que dança com a gente.
Agentes agem conformem agem-se gentes.
Ai gente! A vida nem sempre é condescendente.
Perdoamos tantos deslizes pra sermos sempre incoerentes.

Inconsistente como olhar a palma das mãos pra comprovar que tu não soltou. Provar pro mundo, implorar aprovação. Dizendo, não fui eu, olha aqui, a mão não tá amarela. Patético. Como toda a estética de um romance dialético, previsível, talvez por isso harmônico, quem sabe até bonitamente poético. É estético. Eu defino do meu jeito aquelas coisas que não entendo, um tanto quanto biflexo. Diz-se sobre o léxico, o amor que cabe em gavetas, explode mundos e planetas em alguns contos sci-fi dos serviços de assinatura cibernéticos. Quero tá sempre sendo eclético, amar como Gandhi, amar como Sant, amar como quarenta e cinco pessoas numa fila pra sentir a deglutição de uma quantidade exótica de batatas sintéticas. Volto aqui pra dentro do quarto, dentro do meu peito, de baixo do ventilador de teto. Devoto a encontrar qualquer coisa que me faça gostar menos das lembranças de passar um tempo com você.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Sorte

é do abraço estreito que digo
a gargalhada que conforta
o ombro amigo trajado de abrigo
quem nunca te fecha a porta 

quem te enaltece sem hesitar
em seguida, um berro de repreensão
feito carne e unha, não abro mão
laços afetivos tecem um par
ímpar, guia um dom consigo
faz as terças lembrarem domingos 

copo cheio lota o nosso tempo de histórias
falas e dizeres, surgem sem cessar tagarela
tua sombra presencia as melhores memórias
águas bravas, mar aberto, incapaz de travar
mas se faz maré mansa, água rasa para amparar

abastecido de amor, agradeço
dito linhas versadas de gratidão
se tudo na vida tem um preço
não está a venda essa união. 

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Cumba

Tenho estado tão triste
Explorar os poderes do coração é definitivamente fascinante. Uma das coisas mais corajosas que já fiz. Cada dia a mais olhando pra dentro é um dia menos olhando pra fora, entendendo as conexões feitas com o tempo, respeitando mais dos processos, da história.

Eu tenho estado tão triste.
A ponto de ir toda noite olhar lá pra fora, na esperança de te ver voltar. Passar pedalando me vendo de longe e desviar pra não me encontrar. As vezes deve achar que não te vi, as vezes te vi mas me escondi pra você se aliviar.

A tristeza se vai, agora a raiva em riste.
Como num mapa astral, esse era meu signo. Fadado a perseguir os seus deslizes. Contrapus isso com meus erros e minhas barganhas com o mundo que antes sempre via por um olhar triste.

Eu não entendo porque ela insiste.
Por ela eu ando, por ela eu penso, por ela meus medos tão sempre vivos pra me lembrar do porque tenho preterido ter desistido. Por você estico o tempo, pra chegar o dia em que eu desisto.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Paciente

saudades dos risos contagiosos
faz falta aquela mesa de quatro lugares
a pelada mesmo em dias chuvosos
a noite e as trocas de olhares 

ver meu time jogar aos domingos 
o copo erguido em homenagem aos amigos 
a menina que gosto sorrindo
olhar daquela pedra o sol fugindo

tardes ensolaradas em águas salgadas
filmes em salas geladas 
dinheiro gasto de forma exagerada 
bebidas e a fatídica ressaca

sexta-feira ansiar por chegar em casa
na segunda reclamar da semana se abrindo
se fosse um pássaro, arrancaram as asas
condenado ao trancafiamento no ninho
são tempos delirantes de dias repetidos.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Foliã

As ruas presenciavam a  mais nobre foliã
brilhos que atraem e centralizam a atenção
desfilava sem a preocupação do amanhã
pés guiados pelos passos da multidão

Camuflou a pele com purpurina

as cores do arco-íris beijavam o chão
no asfalto do Rio era história sendo escrita 
sem quarta feira para cremação

E de meu corpo fez passarela

fatalmente é um enredo soberano a passar
entre notas artísticas, a alegoria mais bela 
dos jurados veio o dez sem titubear

Luzes da cidade espelham seus paetês

que mais pareciam um feito natural
dias que poderiam transbordar o mês
ou todo mês transbordar carnaval.