terça-feira, 25 de dezembro de 2018

obrigado por ter sido sincero comigo

preciso a ti ser grato!
sei que me amavas,
mas sei que odiavas isto.

sei que atrás de cada sorriso dado,
uma flecha apontava pro seu coração
e o feria leve e destemido.

era pertinente, junto com a dor do seu riso
mas a dor da minha desistência,
era inexistente, por isso agora
mesmo que tu diga existir amor;
amor por ti já não sinto.
entendi que o que tinhas era pavor
de admitir que quando disse que tu me amas;
não querias entender que eu não minto.

só que imagina,
se tivéssemos pensado só com a cabeça do sinto.
se apenas desafivelássemos os cintos,
e aproveitado a falta de cor dos sorrisos;
enjoado com a troca de afeto dos donos dos corações mais partidos;
dos olhares trocados sortidos;
das conversas sem pé nem cabeça; que mesmo assim
soavam como mel aos ouvidos.

imagina, como tudo poderia ter sido.
poderia também ter sido doído,
doido, como a bagunça de nossas cabeças
como a bagunça dos quartos e das gavetas.
perdidos como as chaves de casa aos domingos,
ou achados, como brinquedos perdidos num circo.



terça-feira, 13 de novembro de 2018

Utopia dourada

Os fios loiros lembrara o sol da tarde
dos dias mais quentes de verão
das manhãs em que o céu arde
e o mar torna-se obsessão

O sorriso era feito o inverno
os dentes invejavam a mais branca neve
as covas enterravam os corações de ferro
desaparecia do rosto em momentos breves

O castanho dos olhos gera cobiça a mais nobre madeira
a sutileza da pele alcança o mais liso tecido
essas terras são tuas, estende a bandeira
sele a independência com os teus risos 

De cor pálida e bochechas rosadas
aquecidas quando põe os pés na areia
retém doces sintomas de desequilibrada 
trajada de sapatos à beira mar, sereia.

tela

longe de tudo que possa ferir
acredito que deva rir de tudo
pois a graça que a rodeava por aqui
foi-se junto quando resolveu partir

quilômetros além do que a vista alcança
torcendo pro dia que nossas crianças
vão nos lembrar do que já me esqueci

seu nome, rosto e aquelas danças
teu jeito bobo e tua poupança
são monumentos, até me perdi

perto de tudo que possa surtir
mudança boa naquilo que planta
colhi as raízes e me diverti a pampa
pena que não deu para você ir

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Repouso

ao dormir, é mais uma fábula a contar
dispensa as histórias de ninar
fantasia um sonho e vivo encantado
admiro um sono e sonho acordado

nos embalos de um, dois, três carneiros
o corpo se derrama por inteiro
e na ciranda das estrelas
tonteia com a forte beleza

linhas demarcam o cansaço no rosto
são rotas em um espaço de graça natural
se renovam após a noite de repouso
e amanhecem com um tom celestial

aos fundos suspiros, espira o bem estar
cama, travesseiro, paz e aconchego
não tenha pressa para despertar
o mundo aqui fora é um pesadelo.

domingo, 21 de outubro de 2018

manifestações tangíveis de amor

soa estranho ser amado ao tempo
com o tempo e pelo tempo
amado como a construção de um prédio
de tédio a tédio até chegar num acordo

até chegar um conforto e o dia das mãos dadas trazerem alento
atarantar os que andam soltos, iludir que amarrar-se é benefício
que ser amado é grande ofício, de grandes lucros e corpulento

corpos lentos? como lentas transas em grandes momentos
vozes suspirando e toques mordendo,
odores aconchegantes e modos sedentos

tudo isso passa com o tempo,
ao mesmo tempo que se intensifica como os ventos
num outono qualquer, num lugar qualquer do mundo
fazendo qualquer coisa se tornar monumento

amamos ao vento, nos apaixonamos  ao relento
soava estranho ser amado tão lento
mas foi tão bom que quando vi
nem tinha notado o tempo

domingo, 9 de setembro de 2018

Do lado de fora do olho

a única voz que escuto na minha cabeça
é ela
.a minha.
nada garante que é minha
.apenas eu.
o que garante-me ser quem sou, também sou eu
.mal sinto.
nunca me fez homem o que carrego no cinto
sei sentir que minto enquanto escrevo com os mesmos dedos finos que outrora acariciavam gritos
greves em meu lado esquerdo
conservei alguns velhos medos sem conserva
temperatura ambiente
pus pra fora
.a sua voz retorna.
ouço atentamente meu amigo
você diz que preciso de uma reforma
aceito e finjo que vou colaborar
mudo os sentidos, continuo do mesmo lado
olho pros lados e sigo no mesmo sentido
.foi só você.
quem disse ser capaz ser inimigo
de algo maior que qualquer coisa que nossos olhos poderiam ter visto

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Sento do que mido

Sentido... +busco no que minto
Compulsivo como falsos risos frente a um ídolo
Sem ter, sendo, seja o que for por ti _______
Apenas sinto que não estou mentindo

Protelo o quanto zelo posso acometer
Ataranto o tanto que posso oferecer
Planejo a força que encerro em ti meus braços
Aclamo qualquer (merda) do seu afago

Como um gato me fiz sapato
Permiti o que nem foi solicitado
Protegi o que me fora rude tomado
Angustiei por dois dias pra ter um beijo não dado =


terça-feira, 3 de julho de 2018

De saudade

Do abraço que ficou
dos beijos dados nas despedidas
teu lado na cama que sobrou
das inumeráveis recaídas

Das brigas que lutamos para esquecer
das desculpas que fizemos questão de lembrar
das amigas que enciumaram você
dos teus colegas quais prefiro abafar

Dos pesos que juntos ganhamos
das calorias que na cama perdemos
do tempo grudados que passamos
do espaço separados em que sofremos

Dos dias em sua companhia
das lembranças que guardei
dos flashes corporais passados na vida
do teu fotografei e emoldurei.