terça-feira, 28 de julho de 2015

Motivo e razão

Um reino erguido nas orlas cariocas
mesmo tendo pernas a chamam de sereia
o corpo é uma constante ilusão de ótica 
e um céu que na manhã sempre clareia 

Infinitos traços desorientadores 
alucinações pintam com frequência
a autêntica colecionadora de falsos amores
a falsa solução para a carência 

Quando passa é um grande alvoroço
assovios e olhares surgem de todos os lugares
rapazes se fantasiam de bons moços
mas sempre voltam perdidos aos lares

Segue sendo razão de confusões
os olhos alheios clamam pelo colírio
motivo das pontadas nos corações
e todos sucumbem ao delírio.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Drogado

Me viciei na pior droga.
A droga que quando se usa apaixona;
Não solta, vira teu cheiro, te acomoda.
O vento é detalhe, o resto é detalhe.
Sua vida mera coadjuvante.

Lascivas horas, perfeitas aliás!
Bons momentos, ótimas noites, e rapaz
Muitos dizem que ela ainda não satisfaz;
Eu digo que te faz, te domina, atrai,
Negar isso é sujo demais.

Não dá pra descrever muito,
Dela todo mundo já sabe tudo,
Relatar o que ela faz é mais culto
E alivia qualquer um que a traz .

E mesmo que haja pouco dela no mundo,
Do mundo ela não sai.
Alguns que a usem são sujos
Mas com ela a humanidade se faz.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Nós dois

Pena que a lua não sabe falar,
Se soubesse diria:
Não se vá amigo!
Sempre que visse o sol;

Bom é o sol não ter algo a dizer,
Se tivesse diria:
Tenho que ir, até mais tarde!
Sempre que iluminasse qualquer superfície;

Alguns romances são assim,
Necessidades mútuas da relação,
Contudo uns ficam outros vão,
Seus caminhos correm, sempre se encontram;
Mas hora ou outra, dizem não.

Alguns ainda vão mais longe que isso,
Teimam contra todo e qualquer destino,
E ao despedir dizem não,
Tolos amantes como são,
Jamais entenderão que o amor está no vão.

A distância, a fechadura,
A porta e a chave,
Qual boa é a porta que não se abre?
O paladar, a visão, a audição,
O tato e o olfato,
Qual boa é a sensação de não sentir de fato?

domingo, 5 de julho de 2015

O relógio e suas histórias

Uma nuvem cinza paira sobre nós
uma chuva de desordem prestes a desabar 
talvez o destino queira que caminhemos sós
tropeçando em pedregulhos até aprender a andar

Quem sabe seja apenas um teste
e porventura nos tornemos mais fortes 
ou nos consideremos grandes pestes
e desejemos um ao outro uma dolorosa morte

Porém existe uma clara certeza
indiscutivelmente, em vão nada aconteceu
quiçá um leve empurrão da natureza
mas o livro de histórias sei quem escreveu

Caminhos não se tecem por acaso
o tempo é um grande parque de diversão
ele dirá se venceremos o grande cansaço
ou embarcaremos na roda gigante da solidão

quarta-feira, 1 de julho de 2015

DOUTORA

Saudades pra reciclar,
Árvores para cultivo.
Bondade tem seu emblema,
A vida, o seu bem íntimo.

Não cabe fazer poema;
Pra dessa moça falar,
Mais que um simples esquema;
Quebra-cabeças sem par.

Com o doce e sutil feitio,
Faz da vida eterno elogio.
Inefável e gentil jeitinho;
De fazer tudo de ruim brilhar.

A charmosa curva do riso,
Quase que me fez chorar.
Pra combinar com esse muquifo,
 Ela tem de se reinventar.