tua imagem, teu retrato sem moldura
tintura as paredes da casa
pintadas das cores que tu apontou
e nem as viu coloridas
tem memória tua em cada cômodo
tem respingo teu em cada quina
um peso amargo junto a lembrança
os cantos ecoam vozes de semelhança a tua
as portas batidas remetem a rimas que a ti um dia já foram escritas
saudades empoeiradas do teto ao chão
e há semanas não se vê faxina
os risos se perderam na bagunça do armário
trancados em gavetas de chaves perdidas
alegrias varridas para debaixo do tapete
a paz abafada pelos montes de roupa
fantasmas no quarto rompem o sono
apesar do cheiro novo, o colchão é duro ao deitar
teus vultos ao anoitecer infestam o corredor
homem de pouca fé, desaprendi a rezar.