segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dilemas noturnos

Nos arcos da Lapa desbotei
logo veio a vaga lembrança de casa
dos aluguéis que tanto atrasei
e das poeiras que se tornaram brasas

O copo sobre a mesa mostra a recaída
escondido no prostíbulo baboseiras chegam aos meus ouvidos
sobrou para elas atentar meus pecados da vida
e solto palavras sem se importar com o sentido 

E o garçom cansado de servir, faz um nobre convite
diz que a rua é um bom lugar para se andar
passos tortos me distanciam da elite
e meu teto já está longe de me acoitar

Dancei valsa sob vigilância da lua 
sozinho pisava em meus próprios pés
a dignidade já se encontrava nua 
apenas aguardava o revés

Em um nocivo breu tudo clareou
e o que corria em meu sangue adormeceu
não sei se o astro rei raiou
ou a noite outra vez faleceu.

domingo, 23 de agosto de 2015

Você

Pra falar a verdade,
Penso em você toda hora.
Pra falar a verdade,
Tô pensando em você agora.
Pra falar a verdade,
Quero te beijar faz horas.
Mas já que a verdade não arde,
Cesso o amor em poema.
Mas já que a noite não vira,
Deixo no sonho um dilema.
Será que quer você,
Que eu faça mesmo cinema?
Sem embromação e desvencilho
Quero logo teu beijo,
Quero o teu corpo agora.

Pra te amar de verdade,
Amei outras por aí.
Pra te amar de verdade,
Não sabe os erros que cometi.
Pra ter amor de verdade,
Precisei amar os acasos,
E nem toda verdade é absoluta.
Tudo é relativo, tanto como as nulas.
Aquelas que tanto amei.
Nulas porque me deram
Um pouquinho de cada vez,
Uma experiência única e receberam
Uma despedida e muita avidez
Em amar,
Amar de verdade.

E a ti eu confio cego,
Todo o plano que tracei,
De ter uma vida plena,
Sem muitas contas a pagar,
E se alguma delas restar apenas
Quero que seja a do amor quitar;
Que seja você a quem é claro
Elas eu tenha que pagar.
Se não for o bastante,
Peço que olhe ao seu redor.
Pense como se fosse alguém
Que foi sempre feliz sozinho
Mas que essa felicidade
Decidiu com alguém partilhar.
Com amor,
Um amor sem idade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Retrovisor

A fuga de palavras da sua boca
é canção para os meus ouvidos
até mesmo quando soa meio rouca
faz perder os sentidos

Um arrepio coletivo a cada toque
uma tremedeira surreal em meu corpo
solto esse verso para que me note
e não seja mais dado como morto

Dizem que a sorte é vaga
e a menina é um trevo de quatro folhas
descreve-la é a mais longa saga
ama-la é a mais curta escolha

Desinibida segue seus passos
e nem repara no retrovisor
vou catando meu cacos
e a seguindo sem temor.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Corra!

Sonhos necessitam de empurrões
pessoas que realmente acreditem neles
que assumam o risco sem temerem frustrações 
que errem, porém tentem milhares e milhares de vezes

Mergulhar em mar aberto de corpo e alma
lembrar que possui o dom da imaginação
e os problemas vivem implorando por calma
e as glórias suplicam por louvação 

Fantasias são criadas por diversão
não as deixe definharem pelo caminho
já pensou um joão de barro sem coração
que leva lama ao próprio ninho?

Sonhos não tem de serem domados
precisam de espaço para crescerem 
de uma mente fértil e um corpo blindado
e sonhadores para atrás deles correrem.

sábado, 1 de agosto de 2015

Carma

Denomina-se vida o que te tira a atenção.
Caminha ao teu lado e nunca lhe dá as mãos; 
Vai caber na fechadura qualquer nobre descoberta
 E sarar tuas rachaduras sem ao menos ser discreta.

E prescreve tua consulta rotineira médica,
Colocando em questão tua saúde mental.
Sem ao menos dizer algo na forma dialética;
O carma age sempre de maneira informal.

Alô? Tem a resposta para uma vida ilegal?!
Que sem condimentos se torne pacata;
E com o máximo de complementos seja invisível.

Respondendo minhas singelas críticas ao que sempre é incrível:
E que costumeiramente são as coisas mais baratas.
Fazendo jus ao que se diz ao que admiro ser banal.