segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Inocente

Jamais quis amar 
palpita que é fraqueza
que os casais adoram fantasiar
e a maioria é questão de avareza

Histórias de romance são lendas
as cenas fazem parte de um conto
nem os beijos aumentam a crença
e disse que amar é para os tontos

Certo dia sentiu o coração sambar 
e o peito transbordar de esperança
só sentia, não sabia explicar 
sorriso bobo, igual ao de uma criança

Era o tal do amor 
sem alarde, chegou de surpresa
então mostrou ser um bom ator
e não temeu demonstrar fraqueza.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Adonis

ainda me lembro de te ouvir
comigo na quarta-feira era poesia
aquilo que de longe tu sentia
em ficar pouco tempo sem me ver

ainda grita o riso enfeitiçado
contigo eu era sempre o mais amado
e não cabe em mim mais amor nenhum
nem descrever o que era ter seu dia

alvorada, avante! que o distante se enlaça
e ao futuro apenas dou encargo
de desatar o elo antigo

e só chora, passa a guarda
que o passado se frustrou
de atar o nó mais lindo

sábado, 31 de outubro de 2015

O que é, o que é?

Teorias formadas não passam de teorias
enigmas intermináveis fazem parte da trama
num dia, um embalado desfile de alegorias 
em outros, uma manifestação intensa de drama 

Nem venha com as tais conspirações 
a percepção não requer humanidade
segredos acobertados em subdimensões
mistérios e lendas da vaidade

Manipulam e tomam sua razão
um forte relacionamento com o poder
provocantes com a eterna indecisão
é improvável a virilidade não ceder

Jogos que testam o lado oposto
os mesmos se desgastam e torram a paciência
no entanto, não abdicam do gosto 
e agonizam por tal ausência

Espantam atitudes compreensíveis 
e sempre dão um toque a mais 
livros longe de serem legíveis 
livres de autores e pontos finais.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

No amor não coube esperteza

enquanto aurora você sorria.
brilhava o sol no creme dos teus cabelos!
e eu com a mesma cara de derrotado;
pela vontade de me ter nos teus beijos.

o amor tampouco salvou o poeta!
quanto excomungou a tristeza;
se bem que eles são pares...
não coube a ele avareza.

ela chora quando lembra dos risos;
reclama das minhas roubadas ;
e ri das lágrimas dadas,
por um teto qui si foi ao piso.

se amar é assim tão disperso!
admito que disso eu mais quero!
entender o que é incompleto!
e viver por inteiro o incorreto!

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tic tac

As águas de março levaram o nosso amor
os destroços estão espalhados pelo resto do ano
os outros meses foram manchados por puro rancor
e os finais de semana sofreram irreversíveis danos

O calendário se tornou páginas ao vento
as horas dominam e brincam com os dias
as paredes estão rabiscadas de lamentos
as noites são inquietas e frias 

Ampulhetas dispersadas pelo lar
e o agoniante tic tac faz ninho na mente
relógios cronometram até resolver voltar
e os ponteiros estão cada vez mais displicentes

No entanto, o tempo é generoso
sempre passa num piscar de olhos
esquecerei todo esse alvoroço
enterrarei nossos destroços 

Há de chegar fevereiro 
o corpo se desmancha em vendaval
os pés se animam por primeiro
e meu coração volta a ser do carnaval. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Doente

Imagine um pote de malícia transbordando
ou um céu lotado de estrelas ao alcance das mãos
uma fábula que a cada dia vai se contando
e um fenômeno que não possui explicação

Lábios devoradores de devaneios
alimentam as fantasias do lado oposto
a ladeira mais íngreme que não exige freio
e nada que estimule o desgosto

Pernas estonteantes convocam ao delírio
e se deixam levar pela perigosa emoção
tudo se torna um infalível colírio
sintomas que denominam a atração

Não há cura ou medicação
a doença é contagiosa
vai dos pés ao coração
e se encerra numa prosa.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A casa no pé do morro

Te sova te mete esporro 
Te aprova e dá socorro 
Te solta e prende de novo 

Fajuta lhe dá consolo 
E sozinha diz: 
- só me faltou o dolo 

Não pensa em ter certeza 
E duvida sem sequer pensar 
Tamanha essa vil pureza 
De um tolo que só quer amar 

A casa no pé do morro 
Onde quem mora não permanece 
Quem sai nenhum dia esquece 
Que pra ela tem de voltar 


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dilemas noturnos

Nos arcos da Lapa desbotei
logo veio a vaga lembrança de casa
dos aluguéis que tanto atrasei
e das poeiras que se tornaram brasas

O copo sobre a mesa mostra a recaída
escondido no prostíbulo baboseiras chegam aos meus ouvidos
sobrou para elas atentar meus pecados da vida
e solto palavras sem se importar com o sentido 

E o garçom cansado de servir, faz um nobre convite
diz que a rua é um bom lugar para se andar
passos tortos me distanciam da elite
e meu teto já está longe de me acoitar

Dancei valsa sob vigilância da lua 
sozinho pisava em meus próprios pés
a dignidade já se encontrava nua 
apenas aguardava o revés

Em um nocivo breu tudo clareou
e o que corria em meu sangue adormeceu
não sei se o astro rei raiou
ou a noite outra vez faleceu.

domingo, 23 de agosto de 2015

Você

Pra falar a verdade,
Penso em você toda hora.
Pra falar a verdade,
Tô pensando em você agora.
Pra falar a verdade,
Quero te beijar faz horas.
Mas já que a verdade não arde,
Cesso o amor em poema.
Mas já que a noite não vira,
Deixo no sonho um dilema.
Será que quer você,
Que eu faça mesmo cinema?
Sem embromação e desvencilho
Quero logo teu beijo,
Quero o teu corpo agora.

Pra te amar de verdade,
Amei outras por aí.
Pra te amar de verdade,
Não sabe os erros que cometi.
Pra ter amor de verdade,
Precisei amar os acasos,
E nem toda verdade é absoluta.
Tudo é relativo, tanto como as nulas.
Aquelas que tanto amei.
Nulas porque me deram
Um pouquinho de cada vez,
Uma experiência única e receberam
Uma despedida e muita avidez
Em amar,
Amar de verdade.

E a ti eu confio cego,
Todo o plano que tracei,
De ter uma vida plena,
Sem muitas contas a pagar,
E se alguma delas restar apenas
Quero que seja a do amor quitar;
Que seja você a quem é claro
Elas eu tenha que pagar.
Se não for o bastante,
Peço que olhe ao seu redor.
Pense como se fosse alguém
Que foi sempre feliz sozinho
Mas que essa felicidade
Decidiu com alguém partilhar.
Com amor,
Um amor sem idade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Retrovisor

A fuga de palavras da sua boca
é canção para os meus ouvidos
até mesmo quando soa meio rouca
faz perder os sentidos

Um arrepio coletivo a cada toque
uma tremedeira surreal em meu corpo
solto esse verso para que me note
e não seja mais dado como morto

Dizem que a sorte é vaga
e a menina é um trevo de quatro folhas
descreve-la é a mais longa saga
ama-la é a mais curta escolha

Desinibida segue seus passos
e nem repara no retrovisor
vou catando meu cacos
e a seguindo sem temor.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Corra!

Sonhos necessitam de empurrões
pessoas que realmente acreditem neles
que assumam o risco sem temerem frustrações 
que errem, porém tentem milhares e milhares de vezes

Mergulhar em mar aberto de corpo e alma
lembrar que possui o dom da imaginação
e os problemas vivem implorando por calma
e as glórias suplicam por louvação 

Fantasias são criadas por diversão
não as deixe definharem pelo caminho
já pensou um joão de barro sem coração
que leva lama ao próprio ninho?

Sonhos não tem de serem domados
precisam de espaço para crescerem 
de uma mente fértil e um corpo blindado
e sonhadores para atrás deles correrem.

sábado, 1 de agosto de 2015

Carma

Denomina-se vida o que te tira a atenção.
Caminha ao teu lado e nunca lhe dá as mãos; 
Vai caber na fechadura qualquer nobre descoberta
 E sarar tuas rachaduras sem ao menos ser discreta.

E prescreve tua consulta rotineira médica,
Colocando em questão tua saúde mental.
Sem ao menos dizer algo na forma dialética;
O carma age sempre de maneira informal.

Alô? Tem a resposta para uma vida ilegal?!
Que sem condimentos se torne pacata;
E com o máximo de complementos seja invisível.

Respondendo minhas singelas críticas ao que sempre é incrível:
E que costumeiramente são as coisas mais baratas.
Fazendo jus ao que se diz ao que admiro ser banal.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Motivo e razão

Um reino erguido nas orlas cariocas
mesmo tendo pernas a chamam de sereia
o corpo é uma constante ilusão de ótica 
e um céu que na manhã sempre clareia 

Infinitos traços desorientadores 
alucinações pintam com frequência
a autêntica colecionadora de falsos amores
a falsa solução para a carência 

Quando passa é um grande alvoroço
assovios e olhares surgem de todos os lugares
rapazes se fantasiam de bons moços
mas sempre voltam perdidos aos lares

Segue sendo razão de confusões
os olhos alheios clamam pelo colírio
motivo das pontadas nos corações
e todos sucumbem ao delírio.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Drogado

Me viciei na pior droga.
A droga que quando se usa apaixona;
Não solta, vira teu cheiro, te acomoda.
O vento é detalhe, o resto é detalhe.
Sua vida mera coadjuvante.

Lascivas horas, perfeitas aliás!
Bons momentos, ótimas noites, e rapaz
Muitos dizem que ela ainda não satisfaz;
Eu digo que te faz, te domina, atrai,
Negar isso é sujo demais.

Não dá pra descrever muito,
Dela todo mundo já sabe tudo,
Relatar o que ela faz é mais culto
E alivia qualquer um que a traz .

E mesmo que haja pouco dela no mundo,
Do mundo ela não sai.
Alguns que a usem são sujos
Mas com ela a humanidade se faz.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Nós dois

Pena que a lua não sabe falar,
Se soubesse diria:
Não se vá amigo!
Sempre que visse o sol;

Bom é o sol não ter algo a dizer,
Se tivesse diria:
Tenho que ir, até mais tarde!
Sempre que iluminasse qualquer superfície;

Alguns romances são assim,
Necessidades mútuas da relação,
Contudo uns ficam outros vão,
Seus caminhos correm, sempre se encontram;
Mas hora ou outra, dizem não.

Alguns ainda vão mais longe que isso,
Teimam contra todo e qualquer destino,
E ao despedir dizem não,
Tolos amantes como são,
Jamais entenderão que o amor está no vão.

A distância, a fechadura,
A porta e a chave,
Qual boa é a porta que não se abre?
O paladar, a visão, a audição,
O tato e o olfato,
Qual boa é a sensação de não sentir de fato?

domingo, 5 de julho de 2015

O relógio e suas histórias

Uma nuvem cinza paira sobre nós
uma chuva de desordem prestes a desabar 
talvez o destino queira que caminhemos sós
tropeçando em pedregulhos até aprender a andar

Quem sabe seja apenas um teste
e porventura nos tornemos mais fortes 
ou nos consideremos grandes pestes
e desejemos um ao outro uma dolorosa morte

Porém existe uma clara certeza
indiscutivelmente, em vão nada aconteceu
quiçá um leve empurrão da natureza
mas o livro de histórias sei quem escreveu

Caminhos não se tecem por acaso
o tempo é um grande parque de diversão
ele dirá se venceremos o grande cansaço
ou embarcaremos na roda gigante da solidão

quarta-feira, 1 de julho de 2015

DOUTORA

Saudades pra reciclar,
Árvores para cultivo.
Bondade tem seu emblema,
A vida, o seu bem íntimo.

Não cabe fazer poema;
Pra dessa moça falar,
Mais que um simples esquema;
Quebra-cabeças sem par.

Com o doce e sutil feitio,
Faz da vida eterno elogio.
Inefável e gentil jeitinho;
De fazer tudo de ruim brilhar.

A charmosa curva do riso,
Quase que me fez chorar.
Pra combinar com esse muquifo,
 Ela tem de se reinventar. 

sábado, 27 de junho de 2015

Imenso azul

Cada detalhe é um paraíso 
um azul irreverente no olhar 
a formosura em cada ponta do sorriso
e uma jogada de cabelo de tirar o ar

Com elegância despista corações
longas filas são formadas ao seus pés
afogada num oceano de azarações
é realmente uma bela nota dez

É a que faz o peito batucar alto
aquela que está presente nos devaneios
a que arranca aplausos de cima do palco
e tira o sossego do travesseiro

Sua presença desfaz posturas
uma tentação difícil de evitar
um mar nos olhos com águas profundas
repleto de navegantes que não sabem nadar.  

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Do poeta com amor

O jardim amanheceu mais verde
pelo visto o amor brotou no quintal
todo pranto serviu para matar a sede
toda saudade impediu o ponto final

O ar que se respira é mais puro
a cama contigo é mais aconchegante
ao teu lado almejo um glorioso futuro
e vejo o passado cada vez mais distante

O mesmo vento que bagunçou nosso lar
retornou para arrumar devidamente o local
parece que as peças começaram a se encaixar
e não tememos mais o vendaval

E se o temporal resolver aparecer
comprei um guarda-chuva para nós
prometo fielmente te proteger
e dar a felicidade entre os lençóis

terça-feira, 16 de junho de 2015

Insatisfotário

lidar com facadas é só questão de ser
o próximo a ser ou quem fica a saber
ler a mesmice costeira na tropical perfeição
ouvir parvoíces grotescas sem um filtro à mão

lá vai o canudo,
lá vem o canudo.
o próximo canudo é seu, não fique pra trás
angustiar pelo fim da dose, quem sabe ela vai voltar

dia vira, manhã começa,
a mesma brisa morta te leva
dia vira, noite acabando,
a brisa morreu de vez, afogada no próprio choro

o calor é o frio se lamentando
a quem eu fui agrado?
não estão juntos nem se agarrando

radical e rude o rio corre
e como mais um sobrevivente de porre
você caminha e some

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Para todos os gostos

Haja lábios para comemorar 
casais desfilam e esbanjam felicidade
um brinde de taças para celebrar
de mãos dadas prometem a eternidade

Há aqueles que não suportam 
e fazem do amor um tremendo pesadelo
porém o que todos concordam 
é que não passa de uma dor de cotovelo 

Existem os que amam diariamente 
aquela  paixão em cada esquina 
e com o romance são displicentes 

Uns desaprendem a serem fiéis 
ou nunca souberam de verdade
e lá se vão pela janela os anéis 
e com eles somem as juras de lealdade 

Dia de amar do seu jeito
ou odiar da maneira que o convém
tem lá seus mil defeitos 
mas de vez em quando cai bem. 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Seja

Conta comigo para mais uma volta,
Conta as voltas que já deu consigo,
A esmo sem prisma para interferir,
Ser vesgo é fato para te confundir.

Se ele te der um riso, dê dois
Se ele almejar teus olhos,
Almeje-os dele com ônus
E marque um encontro depois.

Acompanhe o mais solitário;
Desconforte o mais acostumado;
Dê razões para ter saído do armário.

Seja você ela, seja ele você
Seja você com ela,
Seja ele você.

terça-feira, 2 de junho de 2015

É gol

A tarde de domingo é sagrada
a cidade colorida apenas de uma cor
previsão do tempo anunciou chuvarada
mas não há nada que cause o temor

Gritos ecoados das arquibancadas
de lá brota o balanço único das bandeiras
torcedores descartam as cadeiras numeradas
e se a vitória vem, amam as segundas-feiras 

Bares lotados e repletos de orações
abraços e beijos distribuídos sem critérios
mais uma rodada para conter as emoções
e a volta para casa se torna um mistério

São quarenta e cinco do segundo tempo
o grito de gol explode e lá vão festejar
uma paixão fortalecida a cada momento
amor meu, perdoe quem não te amar.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Signos

A árvore que apaga o céu;
O céu que abriga a vida;
Junto à terra;
que saboreia as nuvens.

Os prédios que arranham céus,
Vem dos mares que não vivem calados;
Adornando a atmosfera
Ao gosto mais temperado.

Sem imagem você não vê;
Seus olhos já não enxergam;
Seu cérebro sempre prevê;
O que há tempos seus dedos negam.

Interpretar, é só querer;
Se só tentar, dá até pra ver;
Embaraçar velhos bordões;
E não ter nada pra dizer.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Santa fé

Deusa digna de devoção
uma prece é mais que obrigatória
autora dos dez mandamentos da atração
cada cruzada de pernas é uma glória

O oitavo pecado capital
um apocalipse com lábios rosados 
a mais louca travessura de carnaval 
a sensação dos dias ensolarados 

O fruto proibido mais cobiçado
um mar aberto de inúmeros desejos
razão de traições entre antigos aliados
brigas de Judas por um único beijo

Instiga com louvor a perversidade 
é um dos melhores vícios que se tem
para seus fiéis transmite a felicidade
todos alegres e abençoados dizem: Amém!

domingo, 17 de maio de 2015

Escultura

Cultura, me faz sentir tua tortura;
Me bate, me faz sangrar, tua ternura.
Me ajuda vai, entra em cena;
Se adeque, se case, vire poema.

Escritura, partitura,
Jura pra mim que vai sempre se expressar
Não se entregue fácil a qualquer dilema;
No meu coração, você tem lugar.

E no de muitos, é só ouvir;
Regorjeia pelo mundo só pra te fazer sorrir.
Atarantam-se os surdos, cegos e mudos,
Cuja a estrutura de cultura é a beleza do sentir.

Respalda pela arte o que sobrou de ti;
Angustiada, não se cale, cabe a ela resistir.
Ainda que não caiba há de termos alvorada,
Regojizar em grande escala por toda essa caminhada.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Perdição

Certeza que cairá na armadilha
a perdição é maior que a razão
não há pegadas nessa trilha
é um caminho repleto de ilusão

Anjos e demônios em sua cabeça
movimentos executados com lentidão
seu corpo clamará até que padeça
sintomas claros de tentação 

Um piscar de olhos é fotografia
um talento ímpar de enfeitiçar 
a menina dos sonhos é fantasia
corra o risco por querer fantasiar 

Garantia de alucinações 
intimidadora, faz o que bem entender
cautela extra para não ferir as emoções
acalma, há muito caminho para se perder. 
 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Universo

Tô cansado de vocês;
Da mantida intransigência,
Da maldita incoerência,
grande esmero pela tez.

Permanecem em afasia;
Quando o assunto é fazer bem.
Se afogando em alegorias,
Sim, pra não ajudar alguém.

Alguma coisa sempre chora;
Quase tudo desmorona;
Tudo aos poucos se desbota;
Enquanto regam as próprias hortas.

Ninguém nasce pra ser só,
Pois ninguém nasce sozinho;
Sejam gratos, tenham dó,
Colham as flores com espinho.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Dito popular

Lá vem a acima da média
pernas desenhadas por pincéis
com o trânsito faz tragédia
por onde passa encontra seus fiéis

Substitui verdade por ilusão
daquelas que fazem faltar o ar
seus traços causam distração
e o que nos resta é apreciar

Gostosa na boca dos populares
charmosa nos versos dos poetas
seu dengo invade todos os lares
sua indecência deixa bocas abertas

Sonho de consumo nacional
um pesadelo que desejaria desfrutar
rastros de destruição do Leme ao Pontal
é gostosa, não tem o que negar.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Primeiro de Maior


Escreve, apaga, risca
Arisco se arrisca;
Dependurado à vida,
Sobrevive sem premissas.

Acorda cedo, pra ser fermento;
O risco é o mesmo, sem compaixão.
Muita malícia, pouca esperteza,
Fazem notícia, comida em mesa.

Pregam piadas, criam brincadeiras,
Se ocupam na ocupação.
Mantém o mal em riste,
O bem faz manifestação.

É sem escolha, compreensível.
Intransigência irredutível.
Mudar não cabe às suas crias,
Sabem propor; alegorias.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Nota dez

São longos fios tentadores 
labirinto corporal fácil de se perder
traz paz aos ferozes gladiadores
a motivação do céu espairecer  

Dispõe um oceano na altura do olhar
deslumbrante da cabeça aos pés
formosura gritante a se destacar
em meu carnaval, é um unânime dez

Detalhes e traços tiram a atenção
lábios convidativos tomam os sentidos
é a melhor forma de definir a sedução
sua voz é o melhor som para os ouvidos

Um colírio que ganhou corpo
o conceito de beleza se refez
um enigma de deixar louco
um anjo que das asas se desfez.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Amor da sua vida

A missa acabou mais cedo
E a história quer logo soar 
Vendaval traz um riso consigo
E leva embora um risco, amar.

Buscar conhecimento em busca de amortecimento
pra uma vida calma, livre de aborrecimentos
e encontrar algum momento, alguém pra compartilhar.

E nos passos livres de vis conceitos, 
ao invés de esquentar o peito, aprecia o arrefecimento
jogando longe do coração o amar.

Onde menos você esperou
Encontrou o que mais esperava
Distante dos olhos olhou
E viu o que mais se apegava.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Perdido

Uma gandaia memorável 
pena ter que te esquecer
olha só que vida deplorável
outra boemia para abastecer 

Um pífio bilhete de despedida
foi o que restou de nós
no pescoço, a marca da mordida
e a lembrança bagunçada nos lençóis 

Não recordo de tantos fatos
madrugada longa e prazerosa 
reflexos de gritos e gemidos altos
e de uma cama orgulhosa 

De quebra levou a carteira
porém faz parte da profissão
um amor da noite passageira 
é sinônimo de frustração.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Tradução livre de poema

                                  Trava a tarde
                      Tranca toda textura
        Tangendo tamanha tortura
  Tornando insensível a vontade

Tramoia que desfaz a gana:
Tradução livre de poema.
Aqueles que aglutinam sinceridades;
Cativam menos as amizades.

Sem gastar olhares
                                    Em belas palavras
Desperdicei meu ver
                                      No amor que não mais acabara

Nada de hipálage na compreensão;
Avenidas que não cabem caminhões
            (Muito menos dias de ilusão).

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Que a fé não costuma faiá

Pensamentos vem e vão
e a ilusão se faz presente
alguns desejos longe da mão
porém próximos a mente

Uma utopia descarada
nos braços de um sonhador valente 
é questão de sorte, jogo de cartas
o que se torna mais descrente

O bom homem é acompanhado de fé
e a esperança é a última a morrer
exige do corpo o quanto der 
insiste até a alma falecer

Sonhos não são lançados ao chão
ambições não se perdem na memória
após a tempestade, flores nascerão
e assim se segue a trajetória. 

sábado, 28 de março de 2015

Auto-conclusão

Sem inspiração de canção,
Nenhuma voz, melodia, empurrão;
[nada]

[tudo]
Basear os fatos em papeis enrolados;
E enrolar o teu ego,
Em alguns desejos inflados;
Frascos pequenos, pra grandes ambições.

Exacerbar dilemas, esclarecer impasses;
Em alguns goles, doses,
Falsas reações;
Cavar fundo na alma rasa.
[verde]

[amarelo]
Auto-afirmação, função na contramão:
Alguma centelha na massa.

terça-feira, 24 de março de 2015

O certo incerto

De tão incerto que é
é tão gostoso sentir
dilemas que me freiam o pé
recados que fazem cair 

Notícias que desviam a trajetória
momentos que se esvaem ao vento
as aventuras residem na memória
lá se vai mais um lamento

A tempestade inunda as esperanças
os planos são jogados pelo ar
bateu saudade da época de criança
onde era apenas questão de brincar

Rezo para um novo sol raiar
e amanhã um belo dia amanhecer
que as ondas do mar venham coroar
algo entre nós, eu e você.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Engula esse veneno

Já pensou se tua boca falasse sozinha?
E teu coração, que já se sente independente;
Sentisse, sem nenhum impulso do teu olhar?

Quão incabível seria essa saga inovadora:
A boca balbuciando sem sentido e sem parar;
O coração amando quantos e qualquer um,
Sem sequer senso a considerar.

Toda história começaria com insana vontade de devorar;
Continuaria com vislumbrado desejo de querer mais;
No auge um casal a dois; [isso jamais]
E os monogâmicos morreriam a desejar.

Agora que já pensou, vamos ao que é fato;
Felizmente essa não é a maior realidade;
Mas hoje em dia já existem muitos relatos.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Luz, câmera, ação

Nosso romance é digno de cinema
um conjunto de papéis invertidos
uma improvisação a cada cena
merecemos ser aplaudidos 

Uma história desenhada sem roteiro
começo, meio e que abandona o fim
um espetáculo semelhante aos picadeiros
ou uma peça teatral menos chinfrim 

Protagonistas em pura sintonia
uma graça ao olhar da multidão
sorrisos fortes demonstram harmonia
e as mãos dadas festejam a união

Se um dia te puser a chorar
anseio que seja de alegria
e que as lágrimas sirvam para alimentar
essa saborosa e ardente dramaturgia.