sexta-feira, 22 de julho de 2022

A poesia diz adeus

Nem as manhãs de sol quente 
muito menos as noites fartas de estrelas 
ou tardes de um vermelho estridente 
sequer aquelas madrugadas as estribeiras

Sobre balanço do mar, ignora a beleza 
o teto da terra queimando em azul, não desperta o apetite 
nem mesmo o céu pálido estimula a tristeza
ou o verde do mato faz com que reflite 

Damas, rapazes, homens, mulheres, sem comoção 
altos, baixas, solitários ou casadas
negros, loiras, ruivos, morenas, insaciam a inspiração
das novas as mais velhas são dispensadas 

Dádivas de um amor correspondido
a melancolia de uma gorda saudade 
nem ao menos a alegria de um sorridente domingo 
ou abalos de um cotidiano covarde 

A própria boemia não o atiça
os maços não compõe as rimas
órfãos de um pai que as esqueceu
as boas, as más, as línguas decretam: O poeta morreu.

quinta-feira, 31 de março de 2022

Margarida

da para reparar pelo riso ligando as orelhas
no passo ralo e jeito faceiro
ao cantarolar feito os grandes musicais 
os banhos se iniciam e não terminam mais
no som da rádio que o desmancha

deu para perceber pela postura 
as noites já não são tão escuras 
os dias mergulhados em tons de azul
finalmente está nu 
pelado de alma, descrente de carmas 

como se vivesse em um feriado prolongado
uma promoção e aumentasse o salário 
das pequenas as maiores satisfações
e em sua volta, sobram deduções 

dizem pelos cantos que floresceu 
em seu jardim, desconfiam que brotou Margarida
branquinha, charmosa, bem-o-quis 
adubo natural, o faz feliz.