segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Falta o tempero

Ela une sol e lua
por pura simpatia
céu e mar contemplam sem cessar
improvável não amar

Na terra não há nada igual
resumo da palavra sentimental
rezo que, em breve, formemos um casal
a temperada e o sem sal

Fidelidade prometo a ti
te sigo do Oiapoque ao Chuí
meu amor, não haverá solidão
aliança portará em sua mão

E de beleza é entendida
de sua vida não vejo saída
por ventura te encontrei
olhei, parei, amei.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Conselhos de um futuro presente

Se olharmos em volta
Nos vemos sozinhos
Quem sabe na volta
Encontremos abrigo

Quando a faca e pão
Te forem entregues
Procure a manteiga
E o queijo que queres

Não faça com pressa pra desafinar
Descanse a cabeça e a deixe opinar
Não haja com o rude pensamento hostil
Desvie impurezas com um rosto de abril

Bem leigo e murcho
Depois do calor de verão
Vai receber uma sova do frio
E então, florescerá


domingo, 20 de outubro de 2013

É só mais uma noite

A noite está nua
quem possuir um amor, usufrua 
não há censura
é só ir à rua 

O sutiã feito de algodão, sumiu
um pequeno pano, bem sútil
lua cheia de enfeite
hoje, apenas hoje, aproveite

Exalando o brilho
é, causa arrepio
produzida por pincéis
rapazes, tragam os anéis

Foi um ensaio sensual
aos amantes de nudez
obra-prima emocional
que o divino fez.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Mão-amiga

das mãos tiramos o tudo
o nada e o convincente
com elas somos astutos
nos torna proeminentes

as vigas são nossos braços
os cotovelos compõem-nas também
os pulsos nervosos as fazem mexer
e o resultado gozamos ao ver

nos abraços elas servem de âncora
nos amassos elas causam arrepios
durante o dia nos sustenta um carinho
e na vida é fiel bom amigo



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Narciso

Feio o que não é espelho
reflexo me traz os belos devaneios
pode parecer bizarro
uma imagem prejudicar mais que cigarro

Indago sobre mim
estou em extinção como marfim
imperfeito, porém perfeito
o estranho e agradável sujeito

Há de chegar o dia
e marcará o fim da agonia
curiosidade matará o gato
sou minha maior ameaça, fato

Na beira do rio
olho-me, e paraliso
e por ali eu fico
prazer, Narciso.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O conto da padaria - Achocolatado


Passavam se os dias e nenhuma notícia do seu Joaquim, já estava internado fazia dias e nada, ninguém vinha falar sobre, o que será que aconteceu com aquele velho? Fiquei me indagando em uma posição completamente filosófica, sentado na mureta da varanda recostado em uma das pilastras com a mão esquerda no queixo, e fiquei assim até o sol se pôr.

— O que cê tá fazendo aí? — perguntou minha criança com aquele brilho no olhar tão lindo, me salvando daquele devaneio que já estava se tornando nocivo

— Vem cá minha filha — catei ela pro meu colo — Papai tá pensando. — respondi já quase lacrimejando

— Ô pai, tá chorando por quê?

— Tô chorando não minha filha, chorar é tristeza, tô resgatando umas emoções alegres e me emocionei.

    Ela sem entender nada, e eu muito menos, sorriu do jeito mais doce que uma criança pode sorrir, me tragando com aquela doçura e varrendo toda aflição que havia em mim. Aquele sorriso não era só uma fonte de inocência era o sorriso da mãe na juventude, me trazendo as melhores fagulhas de lembranças lindas da minha vida. E olha eu já entrando em devaneio de novo. Minha filha se entendiou com a minha falta de resposta e saiu do meu colo balbuciando alguma coisa que não consegui ouvir.
    Pensei em ligar pra minha esposa mas desviei do telefone e fui direto a escrivaninha. Estava ocioso naquelas férias, os amigos bancários entraram em greve e aderi ao mesmo. Resolvi então pôr em prática um hobby bem antigo que não o fazia há muito tempo, escrever. Catei um papel e caneta qualquer só pra organizar as minhas ideias e foi aí que decidi refazer meu romance com Lisa, a minha tão citada e amada mulher.
    Cacei então algo pra comer uma bebida quente, preparei um leite com Nescau, bebida quente ao pé do vocabulário de bar eu não podia mais tomar, depois dos meus recentes problemas fiquei afastado de muitas dessas anestesias do mundo real. Comecei e não parei mais de escrever, relatei com minuciosos detalhes desde o primeiro riso frouxo até o último tapa no rosto de paixão, vamos assim dizer, meu amor passou por tantos altos e baixos. A vantagem que foram esses declives nas entrelinhas da nossa história, nada nos ocorre de ruim agora, e espero que se mantenha assim.

domingo, 6 de outubro de 2013

A vassourada do Romeu

o ávido rapaz
da coroa azul
o lépido e fugaz
vinha lá do sul

como vigarista falaria dos seus feitos
com a mão na cinta, seduziria os desejos
fez-la o almejar, e a trouxe de lá pra cá
fez-la balbuciar, sobre o beijo que iriam dar

e ele menino folgado, dos lábios azuis
dos olhos laranja, da capa e do blues
cantarolou um dos seus e se deu por Romeu
conquistou Julieta que o seu beijo cedeu

foi quando Olga apareceu, a mãe de julieta
e uma vassoura com destreza ao moço ofereceu
se ele aceitasse levava a moça á sua morada
mas ele recusou e o que restou foi vassourada

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Oh, Madá!


Ela é alegria e depressão
contra carência é a indicação
verdadeira garota de Ipanema
meu bem maior, Madalena

Inspiração aos poetas
agita corações quietos
mulher do toque leve
pele clara, neve

Leva-me ao delírio 
aos meus olhos é colírio
deslumbrante feito um beija-flor
Dos teus lábios, quero sentir o sabor

Teu olhar é um labirinto
me arrisco e vou sozinho
dedico a ti o poema
a ti, Madalena.