Passavam se os dias e nenhuma notícia do seu Joaquim, já estava internado fazia dias e nada, ninguém vinha falar sobre, o que será que aconteceu com aquele velho? Fiquei me indagando em uma posição completamente filosófica, sentado na mureta da varanda recostado em uma das pilastras com a mão esquerda no queixo, e fiquei assim até o sol se pôr.
— O que cê tá fazendo aí? — perguntou minha criança com aquele brilho no olhar tão lindo, me salvando daquele devaneio que já estava se tornando nocivo
— Vem cá minha filha — catei ela pro meu colo
— Papai tá pensando. — respondi já quase lacrimejando
— Ô pai, tá chorando por quê?
— Tô chorando não minha filha, chorar é tristeza, tô resgatando umas emoções alegres e me emocionei.
Ela sem entender nada, e eu muito menos, sorriu do jeito mais doce que uma criança pode sorrir, me tragando com aquela doçura e varrendo toda aflição que havia em mim. Aquele sorriso não era só uma fonte de inocência era o sorriso da mãe na juventude, me trazendo as melhores fagulhas de lembranças lindas da minha vida. E olha eu já entrando em devaneio de novo. Minha filha se entendiou com a minha falta de resposta e saiu do meu colo balbuciando alguma coisa que não consegui ouvir.
Pensei em ligar pra minha esposa mas desviei do telefone e fui direto a escrivaninha. Estava ocioso naquelas férias, os amigos bancários entraram em greve e aderi ao mesmo. Resolvi então pôr em prática um hobby bem antigo que não o fazia há muito tempo, escrever. Catei um papel e caneta qualquer só pra organizar as minhas ideias e foi aí que decidi refazer meu romance com Lisa, a minha tão citada e amada mulher.
Cacei então algo pra comer uma bebida quente, preparei um leite com Nescau, bebida quente ao pé do vocabulário de bar eu não podia mais tomar, depois dos meus recentes problemas fiquei afastado de muitas dessas anestesias do mundo real. Comecei e não parei mais de escrever, relatei com minuciosos detalhes desde o primeiro riso frouxo até o último tapa no rosto de paixão, vamos assim dizer, meu amor passou por tantos altos e baixos. A vantagem que foram esses declives nas entrelinhas da nossa história, nada nos ocorre de ruim agora, e espero que se mantenha assim.