terça-feira, 26 de outubro de 2021

Pelos olhos delas

faz da vida um contínuo domingo de verão
dos mais enfeitados e transparentes, chegam a ter rostos
basta o fervor do céu e o frescor nas mãos
transita com pegadas de bamba
traduzido em som, seria um cadenciado samba
passada arrastada, sem forças para tirar os pés do chão 
serelepe, sereno e sem esforço
talvez preguiçoso
lembrara um conto do Rio antigo 
mulato andarilho pelo centro da cidade
está distante dos mais altos, mas também não cabe no bolso 
de papo mole com desvios delicados
empurrando para singelas armadilhas
retinto na cor, brilhara como as estrelas da noite que tanto se guia
e ali se via os saudosos malandros 
os mais novos o miravam, feito um espelho com arranhões imperceptíveis
simples como a mais básica adição 
e as pernas de saias aguardam pelo erro matemático
afim de qualquer dia, um mais um resultar em três 
quem sabe do encanto quebrar o vidro de vez 
mas são pelas suas retinas e bocas 
que a manha e malícia o dominam de vez.

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